Agricultura

Grupo de maturidade relativa em soja: entenda como é realizado essa classificação

Neste post você aprenderá qual é a importância de classificar o ciclo da cultura da soja e como é calculado

Renan Caldas Umburanas - Engenheiro Agrônomo

Plantação de soja BASF Brasil

Dando seguimento ao assunto sobre posicionamento de cultivares de soja, neste post será abordado como são determinados os grupos de maturidade relativa.

O crescimento da soja é dividido em dois períodos distintos, o vegetativo e o reprodutivo. A duração do crescimento vegetativo da soja é mais “elástico”, ou seja, tende a ter maior variação de acordo com as condições do ambiente. O crescimento reprodutivo da soja, por sua vez, é mais constante e menos impactado pelas condições do ambiente. O somatório da duração do crescimento vegetativo com o reprodutivo define a duração do ciclo da cultura (Figura 1).

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Figura 1. Ciclo da planta de soja, período que compreende a emergência (VE) até a maturidade fisiológica (R8); O florescimento (R1) marca o início do desenvolvimento reprodutivo. Fonte: University of Illinois (2004).

A duração do ciclo representa o número de dias que a plantação da soja leva para chegar à maturidade. No caso da soja a duração é complexa, pois é influenciada pela temperatura e pelo fotoperíodo e para ambas depende da genética do cultivar. Devido a isso, os cultivares são classificados quanto a duração do seu ciclo, ou seja, em grupos de maturidade.

Antigamente classificava-se os cultivares como sendo de ciclo precoce, semitardio, médio, semitardio ou tardio. Essa classificação era eficiente quando se tratava de um local específico, mas se tornava confusa quando se comparava locais. Por exemplo: um mesmo cultivar poderia ser reconhecida como precoce em uma região e como tardia em outra. Isso dificultava o entendimento do produtor e de profissionais ligados a agricultura.

Baseado no tempo para o florescimento e para a maturação foi desenvolvido uma classificação da soja em 13 grupos de maturação, que vão do 000, 00 e 0, I, II, III, IV, V, VI, VII, VII, IX e X. Os cultivares do grupo 000 são cultivados nas regiões mais próximas aos pólos (altas latitudes) e os cultivares X próximos a linha do equador (latitude 0°). Essa classificação que tem sido adotada no Brasil é a mesma utilizada nos Estados Unidos, China e Argentina. Entretanto, no Brasil usamos com mais frequência números arábicos (1,2,3 ... etc.) do que os números romanos (I, II, III... etc.).

Na região centro-sul do Brasil, compreendido pelos estados do RS até SP predominam cultivares dos grupos 5 a 7. Na região dos cerrados até o norte do Brasil predominam grupos de 7 a 9 (Figura 2). Nesta figura há um exemplo hipotético para uma semeadura em 5 de novembro de um cultivar grupo de maturidade (GM) 6.2 em Ponta Grossa-PR (latitude: ~25º25’) e Piracicaba-SP (latitude: ~22°43’). Na primeira localidade, o ciclo se completaria em aproximadamente 130 dias, na segunda, 115 dias, e quanto mais ao norte fosse semeada, menor seria o ciclo. Os cultivares de soja são adaptados a uma região geográfica norte-sul estreita devido a sensibilidade ao fotoperíodo.

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Figura 2. Grupos de maturidade relativa em função da latitude no Brasil. Adaptado de Alliprandini et al. (2009) com informações adicionadas pelo autor desse post.

Grupo de maturidade na plantação de soja: como é determinado?

O grupo de maturidade na soja é determinado por meio de cultivares padrões, que são cultivados juntamente com os que se deseja determinar o ciclo. Cultivar padrão é aquele reconhecido como mais estável a variações no ambiente. Por exemplo: um cultivar padrão submetido a uma pequena variação de temperatura média tem seu ciclo inalterado ou pouco influenciado, enquanto outro cultivar não-padrão pode ter o seu ciclo alongado em uma semana.

Esse cultivar de ciclo mais estável normalmente é utilizado como padrão em ensaios para determinação do grupo de maturidade relativa, pois sua estabilidade ambiental é o diferencial que permite comparar o seu ciclo com o de outros cultivares.

Em um ensaio a campo, cultivares com grupo de maturidade relativa desconhecido são conduzidos juntamente com padrões, e com base na duração do ciclo dos padrões, realiza-se uma regressão para estimar o grupo de maturidade relativa dos demais (Figura 3).

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Figura 3. Relação hipotética entre grupo de maturidade (GM) e duração do ciclo (DC) em cultivares utilizados como padrão.

Como podemos ver, a duração do florescimento não é diretamente relacionada ao grupo de maturidade relativa da soja (Figura 3). Os cultivares utilizados como padrão, exemplos hipotéticos A, B, C, D e E da Figura 3, são cultivados em ambiente comum com os cultivares de grupo de maturidade relativa desconhecido, e com base na duração do ciclo destes em relação aos padrões, obtém-se o grupo de maturidade relativo.

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