Agricultura
Avaliação do uso de aminoácidos na cultura de soja
Os bioestimulantes podem ser uma opção para aumentar a produtividade na cultura de soja?
Prof. Neto - ESALQ-USP
Este texto foi retirado da Tese intitulada Avaliação do uso de aminoácidos na cultura de soja, a qual foi defendida em 2016 pela Dra. Walquíria Fernanda Teixeira junto ao Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo.
Os bioestimulantes podem possuir em sua constituição extratos de algas, aminoácidos e hormônios. No entanto, pouco se sabe sobre o efeito isolado de cada um destes constituintes. Frente a isto, esta pesquisa teve por objetivos avaliar o efeito da aplicação de aminoácidos isolados na cultura da soja (a Figura ilustra plantas de soja, aos 25 dias após a semeadura, submetidas ao tratamento de sementes com aminoácidos. A – Controle, B – Ácido glutâmico, C – Cisteína, D – Fenilalanina, E – Glicina, F – Completo).
Para isto, o trabalho foi dividido em três experimentos. No primeiro, foi realizada a aplicação via sementes de ácido glutâmico nas doses de 0; 9,28; 12,37; 15,46; 18,55 e 21,65 mg/kg [semente] e, cisteína, fenilalanina e glicina nas doses de 0; 3,09; 6,18; 9,28; 12,37 e 15,46 mg/kg [semente].
Essa etapa foi conduzida em sistema de canteiros e foi avaliada a emergência, índice de velocidade de emergência, acúmulo de massa de matéria seca, metabolismo antioxidante (enzimas superóxido dismutase - SOD, catalase - CAT, peroxidase - POD, teor de peróxido de hidrogênio, prolina e peroxidação lipídica - PL) e produtividade. A partir da seleção das melhores doses obtidas na primeira etapa, foi realizado o segundo experimento, conduzido em casa de vegetação.
As aplicações desse experimento foram realizadas no tratamento de semente, via foliar ou em ambas as épocas, além disso, foi realizada a aplicação de todos os aminoácidos em associação. Nesse experimento foram avaliados metabolismo antioxidante, enzimas de resistência (polifenoloxidase - PFO e fenilalanina amônia-liase - PAL), metabolismo do nitrogênio (enzimas nitrato redutase e urease, teor de nitrato, amônio, aminoácido, ureídeo e N total), variáveis de crescimento de raiz, acúmulo de massa de matéria seca e produtividade.
Já o experimento III foi realizado em campo, utilizando os mesmos tratamentos do experimento II. Foram avaliados metabolismo antioxidante, enzimas de resistência, metabolismo do nitrogênio, massa de matéria seca e produtividade.
Todos os experimentos foram conduzidos em delineamento em blocos casualizados com quatro repetições para cada tratamento. Todos os aminoácidos proporcionaram efeito positivo em diversas variáveis fisiológicas analisadas.
O uso de ácido glutâmico, fenilalanina, cisteína e glicina de forma isolada repercutem em melhores efeitos quando a aplicação é realizada somente no tratamento de sementes.
A partir da aplicação desses aminoácidos ocorreu incremento da assimilação de nitrogênio e no acúmulo de massa de matéria seca, o que levou a maior produtividade dessas plantas.
O maior efeito na produtividade foi observado por meio da aplicação de fenilalanina em ambos os experimentos, quando comparados com os demais aminoácidos.
Com relação ao metabolismo antioxidante o uso de cisteína no tratamento de sementes proporcionou aumento da atividade das enzimas SOD e PAL e redução da PL. o uso de fenilalanina no tratamento de sementes induz ao incremento da CAT e SOD e o ácido glutâmico induz o aumento de PAL e SOD.
A utilização de todos os aminoácidos em associação somente foi eficiente na aplicação foliar, o que proporcionou maior desenvolvimento de raiz, maior assimilação de nitrogênio, acúmulo de massa seca e produtividade.
Portanto, foi possível perceber que o ácido glutâmico, cisteína, fenilalanina e glicina apresentam importante papel de sinalização em plantas, pois pequenas doses já são suficientes para induzir ao incremento de parâmetros fisiológicos e, consequentemente aumentar a produtividade.