Agricultura
Quais são os três países maiores produtores de soja do mundo? | BASF
Brasil, Estados Unidos e Argentina são os maiores produtores de soja do mundo. Líderes na produção mundial do grão há mais de 15 anos, os países juntos produzem mais de 320 milhões de toneladas de soja por safra, de acordo com o analista da Celeres Consultoria, Enilson Nogueira.
A boa colocação dessas três nacionalidades no ranking internacional se dá, principalmente, porque, entre a década de 1990 e 2000, a China deixou de produzir uma quantidade significativa de soja — o que lhe colocava como o maior produtor de soja do mundo — e se tornou a maior importadora do grão.
Essa decisão do país asiático possibilitou, então, que países de todo o mundo ampliassem as suas áreas de produção de soja, uma vez que havia um mercado atrativo aberto para a comercialização do grão.
De acordo com Nogueira, questões políticas e de integração levaram a China a tomar a decisão de diminuir as plantações de soja. “Isso explica o boom de crescimento na área de produção de soja no Brasil, nos Estados Unidos e em outros países europeus e asiáticos, que também se beneficiaram com a decisão”, explica.
Maior produtor mundial de soja
Há cerca de quatro anos o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking internacional de produção de soja. Dono da maior extensão territorial destinada ao plantio do grão e das maiores plantações, o país produz durante uma safra satisfatória, em média, 140 milhões de toneladas de grãos de soja, em uma área de aproximadamente para safra 2021/22 de 41 milhões de hectares.
Desse total de área, mais de 10 milhões de hectares estão situadas no Mato Grosso — estado brasileiro que mais produz o grão. Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás também se destacam na sojicultura. Por fim, é possível ressaltar ainda a participação da região do MaToPiBa, que, formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, possui alto potencial de crescimento e é hoje a grande fronteira para a ampliação da produção de soja no Brasil.
Por que o Brasil se destaca?
Conforme Nogueira, a questão cultural é um dos principais fatores que coloca o Brasil na primeira posição. Segundo o analista, o brasileiro conhece muito bem as condições climáticas e agronômicas e como o solo e a planta se comportam.
“De fato, o produtor brasileiro adotou a soja como uma cultura relevante. Além disso, nos últimos anos, tem melhorado bastante a rentabilidade do sojicultor brasileiro, o que contribui para os maiores investimentos no setor”, ressalta.
A disponibilidade de recursos naturais também é um fator relevante para a produção de soja. “Além disso, o Brasil foi construindo, ao longo dos anos, perfis de solos adequados para a cultura, investiu em biotecnologia e estudou a soja a fundo. A junção disso tudo fez com que o Brasil tomasse a dianteira, tanto em termos de áreas plantadas como de produção”, relembra o analista.
Soja norte-americana é a segunda mais produzida
Atrás do Brasil está a soja norte-americana. Hoje, produtores dos Estados Unidos são responsáveis pela produção de 125 milhões de toneladas de soja em uma área de aproximadamente 40 milhões de hectares.
Sua produtividade o coloca em uma disputa acirrada com o Brasil pelo primeiro lugar no ranking mundial. “Se o Brasil derrapa um pouco e acabar perdendo 10, 15 milhões de toneladas no ano e os Estados Unidos não têm problemas na safra, os norte-americanos acabam ficando na primeira colocação”, explica.
Além disso, conforme Nogueira, há uma explicação geográfica para os norte-americanos não serem consolidados os líderes mundiais na produção de soja. Segundo ele, em todas as safras, o produtor norte-americano, diferente do brasileiro, precisa decidir se plantará soja ou milho.
“Em anos em que a soja está com um bom preço e a margem do grão está melhor, o produtor planta um pouco mais de soja. Já em anos em que o preço do milho está mais favorável, ele acaba plantando um pouco mais de milho. Isso acontece porque existe uma competição por área, o que limita o crescimento de área de soja plantada nos Estados Unidos”.
Com menos área, Argentina ocupa o terceiro lugar
Com uma produção estimada em cerca de 60 milhões de toneladas, em uma área próxima dos 19 milhões de hectares, a Argentina é o terceiro país que mais produz grãos de soja em todo o mundo.
Assim com os produtores dos Estados Unidos, os sojicultores argentinos perdem um pouco no quesito área de produção porque também lidam com questões de disputa por área.
“Outro ponto importante da Argentina, que difere dos outros países e acaba atrapalhando o país, é que por uma questão fiscal, a margem do produtor argentino se torna relativamente baixa. Então, acaba diminuindo um pouco o incentivo para ele aumentar a área e produtividade”.
Competição no mercado internacional
Por serem os maiores produtores de soja do mundo, os produtos dos três países acabam competindo nas exportações. No entanto, por uma questão de sazonalidade, agricultores do Brasil e da Argentina são os que mais competem entre si. Isso porque, nos dois países, a colheita é no mesmo período, e a comercialização também.
“E aí, no segundo semestre, em outubro, entra a oferta norte-americana, já com uma certa escassez aqui no Brasil e na Argentina. Aí, os três países competem entre si, mas um pouco menos, visto que Brasil e Argentina já iniciaram suas vendas em abril”.
De acordo com Nogueira, a China compra bastante do Brasil, da Argentina e dos Estados Unidos, o que acaba contribuindo com as exportações desses três países.