Agricultura

As sete principais pragas do arroz e como controlá-las

A mesma diversidade de características regionais que permite cultivar o arroz em diversas áreas do país, também oferece condições variadas para o surgimento de insetos-praga, doenças e plantas daninhas. Esse amplo leque de possibilidades, positivas ou não, exige que o rizicultor esteja cada vez mais bem preparado para promover o melhor ambiente para suas lavouras e criar barreiras para os inimigos do cultivo. 

Conheça agora sete dos principais insetos-pragas que atacam a rizicultura e as medidas de controle dessas pragas.

Pragas do arroz irrigado em região subtropical

Gorgulho aquático (Oryzophagus oryzae)

O inseto mede cerca de 3,2 mm de comprimento e é identificado pela coloração pardo-escura com pontos branco-acinzentados. Ao se alimentar do parênquima foliar, causa lesões na forma de raspagem das folhas. 

Seus ovos são colocados nas partes submersas da bainha foliar, cujo tecido interno é consumido pelas larvas após a eclosão. Depois essas larvas passam a se alimentar das raízes, causando prejuízos à planta. Na fase adulta, embora o estrago seja menor, também é significativo, pois destroem boa parte das plântulas do arroz pré-germinado.

O controle do gorgulho é feito pelo controle cultural (limpeza da vegetação que pode abrigar o inseto), varietal (uso de variedades que favoreçam esse manejo) e químico (tratamento de sementes, aplicação foliar e uso de inseticidas na água de irrigação). 

 

Percevejo-do-colmo (Tibraca limbativentris)

Inseto com 15 mm de comprimento e 7 mm de largura, é marrom e apresenta parte do abdome amarela. Costuma ficar na base dos colmos das plantas e, geralmente, se reproduz nas áreas do arrozal não atingidas pela lâmina da água da irrigação. 

O percevejo-do-colmo coloca os ovos nas folhas ou na base dos colmos, e quando as ninfas eclodem passam três dias ali no mesmo lugar, sem se alimentar. Mas após esse período aproximam-se do solo e passam a consumir o colmo, seja na fase vegetativa, seja na fase reprodutiva da planta, causando os sintomas de “coração morto”. Também atacam as fases de pré-floração e de formação dos grãos, e aí é quando o prejuízo fica maior. 

O controle é semelhante ao do gorgulho aquático na parte cultural, passa pela aplicação de produtos inseticidas na parte química e envolve também o manejo biológico, com o uso, por exemplo, das microvespas Telenomus podisi que parasitam os ovos do percevejo. 

 

Percevejo da panícula (Oebalus poecilus)

Os adultos medem 6,9 a 8,9 mm de comprimento por 4,1 a 4,2 mm de largura. São de coloração geral marrom no dorso, com manchas amarelas características no pronoto, no escutelo e nos hemiélitros. Geralmente migram para os arrozais quando aparecem as primeiras espiguetas com endosperma leitoso. Sugam qualquer ponto da parte aérea das plantas, mas preferem alimentar-se das panículas. Nestas, dividem a atividade alimentar, efetuando cerca de 30% das picadas nas ramificações da ráquis e os 70% restantes sobre as espiguetas, em cujas glumas podem resultar manchas de tamanho variável ao redor dos pontos de introdução do aparelho bucal. A natureza e a extensão do dano dependem do estádio de desenvolvimento das espiguetas e da intensidade da infestação.  Um percevejo pode inutilizar até 62 espiguetas. Os grãos originados de espiguetas atacadas pelo percevejo têm menor poder germinativo, são mais leves e depois de beneficiados apresentam manchas nos pontos perfurados, onde geralmente quebram durante o beneficiamento.

Os percevejos iniciam a atividade na primavera. Cada fêmea realiza, em média, nove posturas de 13 ovos, totalizando 117 ovos. Os danos são provocados pelas ninfas a partir do segundo instar e pelos adultos, cuja longevidade média é de 94 dias quando acasalados, com duração dos machos cerca de duas semanas mais que as fêmeas. Para o percevejo iniciar uma nova geração são necessários, em média, 76 dias, assim distribuídos: pré-acasalamento, 16 dias; pré-ovoposição, 11 dias; incubação, nove dias; período ninfal, 40 dias.

O controle é semelhante ao do gorgulho aquático na parte cultural, passa pela aplicação de produtos inseticidas na parte química e envolve também o manejo biológico, com o uso, por exemplo, das microvespas Telenomus podisi que parasitam os ovos do percevejo.

 

Lagarta-da-panícula (Pseudaletia spp.

O inseto tem ganhado importância nas lavouras de arroz nas últimas safras e chamado mais a atenção dos produtores. Quando mariposa, tem o corpo pardo-acinzentado e asas anteriores amarelo-palha, com sombreado entre pardo e preto. 

Já como lagarta, a coloração varia conforme as fases de desenvolvimento e sua alimentação. Mas de forma geral vai do esverdeado a quase preto, com listras longitudinais claras e escuras, e pode medir até 40 mm de comprimento. 

A presença da lagarta-da-panícula nas lavouras de arroz é percebida cerca de 60 dias após a emergência das plântulas, no início da fase vegetativa, quando come as folhas sem causar tanto prejuízo. 

Na fase das panículas, entretanto, destrói os ramos da raque, que não conseguem suportar o peso dos grãos. Com isso a produção pode ser reduzida em até 20%. O controle desse inseto segue a combinação dos manejos cultural, biológico e químico. 

Pragas do arroz irrigado em região tropical

Lagarta desfolhadora (Spodoptera frugiperda

Espécie predominante entre as lagartas que atacam a lavoura de arroz e removem o tecido foliar das plantas. Mas há outras que também avançam sobre a cultura em qualquer fase do desenvolvimento da plantação. 

Nas etapas iniciais, os riscos pioram, sobretudo se as lagartas já estiverem maiores, pois podem consumir toda a planta jovem e reduzir a lavoura. Os ataques também são significativos quando o arrozeiro está mais desenvolvido, com a diferença de que o potencial de recuperação é maior. 

Na fase próxima à floração, aumenta a preocupação, pois a retirada de tecido foliar nesse período compromete a produção e qualidade de grãos. O controle demanda monitoramento semanal e atenção com plantios próximos a campos de milho e sorgo, além do cuidado com a fertilidade do solo para favorecer o desenvolvimento da lavoura. 

 

Delfacídeos (Tagosodes orizicolus e Tagosodes cubanus)

As duas espécies desses insetos que aparecem no Brasil têm ganhado mais importância econômica com o passar dos anos. Boa parte dessa relevância é pelo fato de serem (principalmente a T. orizicolus) vetor do vírus da folha branca do arroz (VHB). 

Os insetos adultos da família dos Delphacidae têm um esporão móvel nas extremidades das tíbias posteriores. A espécie T. orizicolus pode ser identificada pelo tamanho entre 2,7 mm e 4,0 mm de comprimento, o corpo amarelado nas fêmeas e marrom escuro nos machos, com uma faixa branca mediana na cabeça e no tórax. Já as asas são de coloração amarelada e transparente e, nas fêmeas, podem ser curtas (braquípteras) ou longas (macrópteras). 

O controle dessa cigarrinha na entressafra do arroz envolve a destruição de restos culturais e a eliminação de plantas da cultura que surgem de forma voluntária por sementes caídas no campo durante a colheita. 

Pragas do arroz em terras altas

Broca-do-colo (Elasmopalpus lignosellus)

Em sua fase adulta, são pequenas mariposas de voos curtos e próximos da superfície do solo, onde colocam seus ovos, bem perto da base das plantas. Por serem postos de forma isolada, esses ovos são confundidos com partículas ali do chão, o que dificulta o monitoramento. 

Quando eclodem, as lagartas penetram no colmo das plantas, abrindo um furo transversal, e ficam ali até virar pupa. Permanecem se alimentando até matar a planta. 

Como não há um nível específico do controle desse inseto, é recomendável o controle preventivo com a utilização de sementes tratadas, se de fato houver um histórico de ataques severos nos períodos anteriores.

Cupins (Procornitermes triacifer)

Com uma grande variedade de espécies, esses insetos se adaptam a diversos ambientes, e até têm uma importância na natureza, a exemplo da contribuição para a reciclagem de nutrientes minerais e o melhoramento das características físicas do solo – suas galerias facilitam a penetração da água. 

Por outro lado, é exatamente esse hábito subterrâneo que leva os cupins a atacar as plantas de arroz, se alimentando das raízes. A destruição parcial ou total da parte radicular enfraquece a planta de arroz, derrubando sua produtividade, e favorece a expansão de plantas daninhas. 

O tratamento de sementes é a maneira mais segura e eficiente de controle da ação dos cupins, pois com as colônias escondidas sob a terra fica difícil detectá-las para realizar um ataque direto.

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