Agricultura

As 10 principais doenças do arroz e como manejá-las | BASF

A qualidade e a produtividade das lavouras de arroz estão diretamente relacionadas à sua condição sanitária. Por isso é fundamental que o agricultor conheça as doenças que atacam o arroz e saiba quais são as formas de identificação, prevenção e controle. Conheça aqui as 10 principais doenças da cultura.

Brusone – Causada pelo fungo Magnaporthe oryzae Barr, forma imperfeita Pyricularia oryzae, deixa nas folhas pequenos pontos castanhos que evoluem para lesões elípticas com centro geralmente cinza, bordas marrons e às vezes circundadas por um halo amarelado. Conforme aumentam de tamanho e se multiplicam, podem matar a folha e até mesmo a planta. Também ataca outras partes, como nós e colmos, que podem ficar necrosadas. Sementes infectadas e restos culturais são as principais fontes de contaminação. O controle da brusone é feito a partir do manejo integrado, com o uso de cultivares resistentes, fungicidas e práticas culturais adequadas.

Mancha-parda – É causada pelo fungo Bipolaris oryzae, e caso o agricultor utilize sementes altamente infectadas os sintomas podem aparecer na lavoura assim que começa a germinar. Surgem nas folhas, durante ou logo após a fase de floração e, mais tarde, nas glumelas e nos grãos. São lesões ovais ou circulares, geralmente de coloração marrom, com centro acinzentado ou esbranquiçado, dependendo da idade da mancha, circundada por bordas pardo-avermelhadas. Nos grãos as manchas são marrom-escuras, que podem cobri-los por completo. A principal fonte de inóculo está nas sementes infectadas e em restos culturais. Para o controle, recomenda-se o tratamento das sementes com fungicidas e o manejo da cultura, com adubação equilibrada associada ao controle químico por meio de pulverizações com fungicidas sistêmicos.

Mancha de grãos – É causada por um complexo de patógenos, entre fungos e bactérias, e seus sintomas aparecem desde o início da emissão das panículas até o seu amadurecimento. As manchas podem variar de acordo com o patógeno, mas de maneira geral têm coloração marrom ou avermelhada. Quando provoca o acamamento, há o risco de as panículas entrarem em contato com o solo úmido, o que pode levar à descoloração dos grãos. O controle começa evitando-se as sementes infectadas e pelo manejo de restos culturais, pois são as principais fontes de inóculo. Também é indicado o tratamento de sementes com fungicidas e o plantio de forma que a formação dos grãos não aconteça em períodos chuvosos. O controle químico deve ser realizado com fungicidas sistêmicos.

Escaldadura – Causada pelo fungo Monographella albescens, forma imperfeita Microdochium oryza, apresenta sintomas na fase de emborrachamento, podendo paralisar o crescimento, e avança até a fase de maturação das plantas. Começa por manchas verde-oliva nas extremidades apicais das folhas ou pelas bordas das lâminas foliares. Conforme evoluem, as lesões passam a apresentar sucessões de faixas concêntricas, alternando faixas marrom-claras e escuras. Provocam secamento e morte das folhas, e as lavouras afetadas apresentam amarelecimento geral, com as pontas das folhas secas. A prevenção começa pelo uso de sementes sadias e pode ser fortalecida pelo tratamento com fungicidas. O controle é favorecido pelo manejo adequado da água, pela rotação com soja e pela aplicação de fungicidas.

Queima das glumelas – Causada pelo fungo Phoma sorghina, apresenta manchas marrom-avermelhadas de vários tamanhos, com centro esbranquiçado e margem marrom. Em condições favoráveis ao fungo, sobretudo com alta precipitação, surgem picnídios no centro da lesão e manchas de cor marrom-avermelhada na extremidade apical que podem atingir os grãos. O fungo sobrevive em restos de cultura, no solo e em sementes, onde pode permanecer viável por até três anos. Daí a importância do uso de sementes de qualidade, tratadas com fungicidas, e da eliminação dos restos culturais para o controle. 

Carvão dos grãos – Tendo como patógeno o fungo Tilletia barclayana, começa a apresentar sintomas na fase de maturação. Os grãos são parcialmente danificados ao serem envolvidos pela formação de uma massa negra de esporos. Ficam quebradiços, como se fossem dentes cariados, e por isso a doença também foi chamada de cárie do arroz. Outra indicação da presença do carvão surge em condições de alta umidade: a massa de esporos absorve água, provoca um aumento do volume do grão e cobre outras partes da planta com um líquido preto. A aplicação de fungicida na fase final do emborrachamento reduz de forma significativa a incidência da doença.

Falso-carvão – O patógeno é o fundo Ustilaginoidea virens, e seus sintomas variam de acordo com a época em que os grãos são infectados. O sinal típico aparece no início do florescimento, quando a panícula apresenta massa de esporos na cor verde, que se tornam amarelos. Se a infecção for tardia, quando a planta já apresenta grãos maduros, os esporos se acumulam nas glumas e incham, cobrindo todo o grão. Os esporos sobrevivem no solo e nos restos culturais e são disseminados pelo vento e pela água, ou por sementes que podem carregar estruturas do fungo. As medidas de controle mais recomendadas são a eliminação e a destruição das panículas contaminadas.

Queima da bainha – É causada pelo fungo Thanatephorus cucumeris e apresenta sintomas tanto nas bainhas quanto nos colmos. São manchas ovaladas, elípticas ou arredondadas, com uma coloração branco-acinzentada com bordas marrons definidas. A doença pode causar a seca parcial ou total das folhas e o acamamento das plantas, o que impacta diretamente na produtividade da lavoura. A disseminação do fungo ocorre rapidamente pela água de irrigação e pelo movimento do solo durante seu preparo. Nas áreas irrigadas, para o controle da doença indica-se boa drenagem na entressafra, adubação equilibrada e uso da densidade de plantio recomendada para a cultivar. O inóculo pode ser reduzido pela rotação de cultura com outras gramíneas, como milho e sorgo. Aplicação de fungicidas entre a fase de elongação dos entrenós do colmo e a iniciação das panículas intensifica esse controle, com uma segunda aplicação na fase de 80% a 90% de emissão das panículas.

Mancha da bainha – Causada pelo patógeno Rhizoctonia solani, tornou-se mundialmente a mais importante do complexo de doenças fúngicas do colmo e da bainha em arroz. Um dos motivos é a dificuldade de manejo, pelo fato de o patógeno ser um fungo de solo que produz estrutura de resistência, escleródios que podem sobreviver por longos períodos, e por apresentar uma ampla gama de hospedeiros. Apresenta manchas ovais, levemente verdes, creme ou brancas, com bordas marrom-avermelhadas nos colmos. São lesões isoladas que não formam áreas contínuas de infecção, como ocorre na queima da bainha. Em áreas irrigadas, o controle pode ser feito pela combinação de uma boa drenagem na entressafra, adubação equilibrada e o uso da densidade de plantio indicada para a cultivar. A rotação com outras gramíneas como milho e sorgo reduz o inóculo.

Podridão do colmo – Causada pelo fungo Sclerotium oryzae Cattaneo, começa a apresentar os sintomas após o estádio de perfilhamento, a partir de lesões escuras nas bainhas, na altura da lâmina de água. Quando avançam para o colmo, essas lesões acabam provocando o acamamento da planta, assim como o chochamento das espiguetas. Na safra, os escleródios flutuam na superfície da água de irrigação e infectam as bainhas. Para o controle, é necessário que se adote práticas que reduzam a quantidade de escleródios no solo, como a decomposição rápida dos restos culturais, a rotação de culturas, a aração do solo e o uso de controle químico.

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