Agricultura
Interferência e manejo do capim-arroz na cuItura do arroz | BASF
Conheça a importância do capim-arroz e saiba como manejá-lo adequadamente.
Danilo Carvalho - ESALQ - USP
O gênero Echinochloa (capim-arroz) é um dos mais significativos para a agricultura mundial, sendo relatado em mais de 36 culturas, em 61 países diferentes. A identificação precisa das espécies, segundo especialistas, é difícil de ser realizada devido ao polimorfismo e à ocorrência de híbridos de cruzamentos naturais, os quais não se encaixam em nenhuma posição definida para identificação (Galon et al., 2007).
O capim-arroz, planta daninha em lavouras de arroz (Oryza sativa), representa um dos principais fatores limitantes ao potencial de produtividade da cultura, principalmente por apresentar semelhanças morfofisiológicas com as plantas de arroz, pois, geralmente as perdas em decorrência da matocompetição aumentam quanto mais semelhantes forem. As infestações de capim-arroz podem causar reduções de até 90% na produtividade de grãos de arroz (Melo et al., 2006), bem como infestações de uma planta de capim-arroz m-2 podem ocasionar perdas de produtividade de grãos variável de 5% a 30%, em função do cultivar semeado e da época de entrada de água na lavoura (Agostinetto et al., 2007).
A principal forma de interferência do capim-arroz sobre o arroz cultivado é a competição por recursos limitantes do meio, como água, luz, nutrientes e em algumas situações por CO2. Além da matocompetição, há outros efeitos negativos de sua presença, como a dificuldade de controle, o acamamento das plantas da cultura de arroz, a dificuldade de colheita, depreciação da qualidade do produto, o abrigo de pragas, a diminuição do valor comercial das áreas cultivadas e, em algumas situações, a ocorrência de biótipos resistentes a determinados herbicidas.
Casos de capim-arroz no Brasil
No Brasil, já foram confirmados quatro casos de biótipos de capim-arroz resistentes a herbicidas, dentre eles, as auxinas sintéticas (quinclorac), os inibidores da ALS (bispyribac-sodium, imazetaphyr, penoxusalan), os inibidores da ACCase (cyhalofop-butyl) e os inibidores da síntese de celulose (Heap 2019). Com isto, o manejo dessa planta daninha tornou-se prática obrigatória sobre o arroz cultivado, uma vez que mesmo em baixas populações ou em populações-escape estas plantas podem produzir elevadas quantidades de sementes, suficientes para gerar altas infestações no próximo ano agrícola.
O manejo pode ser realizado através de práticas culturais que visem aumentar a capacidade competitiva da cultura de arroz e, principalmente, por meio da aplicação de herbicidas em condições de pré ou pós-emergência seletivos para a cultura. Outra ferramenta aliada no manejo da planta daninha é o Sistema de Produção Clearfield®, o qual confere as plantas de arroz tolerância a herbicidas inibidores da ALS pertencentes ao grupo químico das imidazolinonas, altamente efetivos no manejo.
No entanto, é importante se atentar para as ações que visam garantir a longevidade do sistema na plantação de arroz, como rotacionar o Sistema de Produção Clearfield®, irrigar a lavoura no estádio recomendado, controlar os escapes de arroz-daninho bem como outras invasoras e sempre utilizar sementes certificadas.
Não se esqueça: consulte sempre um(a) Engenheiro(a) Agrônomo(a) para tomar as decisões que melhor se enquadrem ao seu sistema produtivo.
Fonte Texto:
AGOSTINETTO, D. et al. Interferência de capim-arroz (Echinochloa spp.) na cultura do arroz irrigado (Oryza sativa) em função da época de irrigação. Planta Daninha, v. 25, n. 4, p. 689-696, 2007.
GALON, L. et al. Níveis de dano econômico para decisão de controle de capim-arroz (Echinochloa spp.) em arroz irrigado (Oryza sativa). Planta Daninha, v. 25, n. 4, p. 709-718, 2007.
HEAP, I. The international survey of herbicide resistant weeds. Disponível em: http://www.weedscience.org/. Acesso em: 18 Setembro 2019.