Agricultura

Muito além do controle químico: O aumento do uso de produtos biológicos na cana-de-açúcar

Saiba mais sobre o uso excessivo de produtos biológicos na cultura de cana-de-açúcar.

Ana Paiva - ESALQ/USP

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Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio) a atual área tratada com produtos biológicos no Brasil é de 10 milhões de hectares.

A cultura de cana-de-açúcar tem grande participação nesse dado, considerando-se que o controle biológico nessa cultura é o mais disseminado no Brasil. Os melhores exemplos disso são as vespinhas Cotesia flavipes e Trichogramma galloi no controle da broca-da-cana, Diatraea saccharalis e, o fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae, no controle da cigarrinha-das-raízes, Mahanarva fimbriolata.

Quer saber mais sobre como esses agentes de controle biológico agem nas pragas?

Cotesia flavipes: é um parasitoide da fase larval da broca-da-cana. Essa vespa consegue encontrar o hospedeiro (lagarta) a partir de voláteis liberados pelas fezes das lagartas, para então parasitá-las.

Trichogramma galloi: é um parasitoide de ovos da broca-da-cana. Seu uso em conjunto com Cotesia flavipes resulta em maior eficiência no controle, por agirem em fases de vida do hospedeiro distintas.

É importante lembrarmos que a maior parte do ciclo dessa praga é dentro do colmo da cana-de-açúcar, dificultando o seu controle. É aí que entram em ação essas duas espécies de vespa, pois uma age sobre os ovos, que ficam expostos (Trichrogramma galloi), e outra age sobre a fase larval quando a lagarta já penetrou nos colmos (Cotesia flavipes).

Metarhizium anisopliae: é um fungo entomopatogênico, altamente eficiente no controle da cigarrinha-das-raízes. Essa praga habita a região do colo das plantas e se abriga sobre uma camada de “espuma”, produzida pelas ninfas, para controle da temperatura e umidade. Essa camada também serve de barreira, dificultando o controle químico. No entanto, essas condições de microclima são, também, ideais para o desenvolvimento do fungo, contribuindo para sua eficiência no controle da praga.

Lembre-se sempre que durante as liberações e a compra de agentes de controle biológico é importante estar sempre atento a alguns fatores como:

1.     Qualidade: certificar-se de adquirir os produtos biológicos de empresas idôneas, que se atentam aos testes de qualidade, verificando fatores como a porcentagem de fêmeas na população do parasitoide (a fêmea é a responsável pelo controle), sucesso no parasitismo, capacidade de busca, capacidade de voo, porcentagem de emergência, entre outros. Vale lembrar que os mesmos critérios se aplicam para laboratórios próprios de usinas.

2.     Transporte e armazenamento: diferente dos inseticidas, esses produtos são organismos vivos, e possuem um tempo de prateleira significativamente menor. Portanto, é importante estar atento ao modo de transporte e ao tempo de armazenamento, além da temperatura e umidade para os mesmos.

3.     Liberação: a liberação deve ser feita obedecendo as condições climáticas, distância e quantidade recomendadas pelo fabricante.

4.     Seletividade de produtos fitossanitários: os produtores devem estar sempre atentos para utilizar produtos fitossanitários que tenham menor efeito possível sobre os agentes de controle biológico. Como o controle químico é, ainda, necessário nas lavouras, o emprego em conjunto com o controle biológico é extremamente dependente do uso de produtos seletivos.

Fique atento a todos esses fatores, eles podem comprometer, e muito, a eficiência do controle biológico de pragas na cultura de cana-de-açúcar! E não se esqueça, o uso aliado de tecnologias nos ajuda a manter o inseticida funcionando por mais tempo, e evitar surtos de pragas secundárias e ressurgências!

 

 

 

Fonte Imagem:

Metarhizium anisopliae no controle de Mahanarva fimbriolata.

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