Agricultura

Chegada das chuvas muda cenário da cana | BASF

Cotações firmes do açúcar e volta das chuvas traz ânimo aos produtores e usinas do Centro-Sul do Brasil

Após enfrentar uma das piores estiagens das últimas décadas, o setor sucroenergético brasileiro passa a ver novas perspectivas com as chuvas que tem caído recentemente nas áreas produtoras de cana-de-açúcar. Na região Centro-Sul, por exemplo, a possibilidade da normalização das precipitações nos próximos meses contribui para estimativas favoráveis em relação à safra 2022/23, embora ainda insuficientes para recuperar os patamares obtidos no período 2020/21, quando a produção chegou a 654,5 milhões de toneladas em todo o Brasil, sendo 602 milhões no Centro-Sul, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A estatal estima produção acima de 538,7 milhões de toneladas para a região em 2021/22. Já para 2022/23, a moagem no Centro-Sul pode chegar a 565,3 milhões de toneladas, segundo informações da StoneX do Brasil, divulgadas pelo site NovaCana. Se confirmado, isso representaria um aumento de quase 5% na comparação com o ano anterior.

A produção menor pode, porém, ser compensada pelas cotações internacionais do açúcar, que têm feito as usinas darem preferência ao produto em relação ao etanol em seu mix de produção. De maneira geral, o açúcar brasileiro tem sido favorecido no mercado internacional por conta da desvalorização do real frente ao dólar.

 

De acordo com análise da StoneX do Brasil, entre o início da temporada e o final do mês de agosto, as variedades VHP e Cristal 150 da commodity tiveram valorização de 20,3% e 14,8%, respectivamente, chegando aos preços de R$ 112,44 e R$ 117,03 a saca de 50 kg.

 

Já no mercado interno, o indicador Cepea/Esalq de açúcar cristal (cor Icunxa de 130 a 180) fechou a R$ 150,24 a saca de 50 kg para São Paulo no dia 15 de outubro, com alta de 4,85% no mês. Para que as usinas se beneficiem dessas altas, será importante analisar com cautela os custos de produção, seja para ter clareza sobre a rentabilidade na safra atual, seja para projetar a temporada seguinte.

Essa nova perspectiva para o segmento influencia os olhares sobre o mercado futuro, contendo o entusiasmo mais altista para o curto prazo, como informou notícia divulgada pela Agência UDOP (União Nacional da Bionergia). De acordo com a publicação, os contratos futuros de açúcar fecharam mistos na ICE Future de Nova York no dia 18 de outubro, com os cinco primeiros lotes em baixa e os lotes para julho e outubro/23 valorizados. Ainda com base nas informações da agência, a redução da pressão por conta da falta de chuvas também ajudou a conter as especulações nesse mercado.

No balanço da Conab sobre a safra de cana-de-açúcar, a estimativa para a produção total do Brasil no período 2021/22 é de 592,0 milhões de toneladas, volume 9,5% menor do que o registrado na etapa anterior. A redução da área plantada foi proporcionalmente menor, chegando a 4,3%, passando de 8,6 milhões para 8,2 milhões de hectares. Na combinação desses índices, a produtividade também será menor. Enquanto em 2020/21 chegou a quase 76 toneladas por hectare, na temporada atual deve ser de 71,8 toneladas por hectare, 5,5% a menos.

O volume total de produção de açúcar, segundo a Conab, deve ser próximo de 37 milhões de toneladas agora na temporada 2021/22, índice 10,5% menor do que no período anterior. O volume de ATR (Açúcar Total Recuperável) também sofrerá redução (11,8%). Enquanto em 2020/21 a produção nacional foi de aproximadamente 94,3 milhões de toneladas, para a safra atual são esperadas quase 83,2 milhões de toneladas.

Em meio às estimativas de queda, o recorte Norte/Nordeste aparece como o ponto fora da curva. Embora represente apenas cerca de 9% da produção nacional de cana-de-açúcar, a região registra perspectivas de crescimento no levantamento da Conab. De acordo com o estudo, o volume total será de 53,2 milhões de toneladas em 2021/22, índice 2,5% maior do que no período anterior, quando chegou próximo de 52%. Com aumento de área plantada inferior a 2%, a produtividade chegará a 60,6 toneladas por hectare na safra atual, 4,5% a mais do que em 2020/21.

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