Agricultura
Período crítico de interferência das plantas daninhas na lavoura da cana-de-açucar | BASF
Você sabia que as plantas daninhas não competem com a cultura da cana-de-açucar durante o ciclo inteiro?
Leticia Tambolin - ESALQ-USP
Como muitos sabem, as plantas daninhas interferem de forma negativa na produtividade de qualquer cultura, competindo por água, luz, nutrientes, além de serem hospedeiras de pragas, insetos vetores, patógenos e nematoides e liberarem substâncias alelopáticas. Mas, você sabia que as plantas com manejo correto também têm a capacidade de limitar o desenvolvimento das plantas daninhas?
Muitos fatores influenciam no balanço dessa competição e interferência entre as plantas daninhas e a cultura da cana-de-açucar. E o tempo em que essa interferência ocorre não dura o ciclo todo da cultura, isso porque a partir de determinado momento, a cultura já está estabelecida. O período em que ocorre essa interferência é chamado de período crítico de interferência, o qual pode ser “dividido” em três: Período Anterior à Interferência (PAI), Período Crítico de Prevenção à Interferência (PCPI) e Período Total de Prevenção à Interferência (PTPI). Mas, qual é a diferença entre os três?
O PAI é o período que ocorre antes das plantas daninhas começarem a interferir na cultura em questão, ou seja, é o intervalo de tempo a partir da emergência em que a cultura pode permanecer com as plantas infestantes sem que haja danos além do que é considerado “aceitável” para a cultura.
Já o PCPI é o período em que as plantas daninhas irão competir e causar danos à produtividade da cultura e, portanto, período em que as invasoras não podem conviver com a cultura. Por fim, o PTPI é a “soma” dos outros dois períodos e, portanto desde a emergência até quando as plantas daninhas param de interferir na cultura e vice-versa. O PTPI também pode ser interpretado como o período em que o herbicida deve estar atuando no controle das invasoras.
Cada cultura possui um período crítico de interferência, mas até mesmo para uma mesma espécie de planta cultivada ele irá variar. Essa variação ocorre devido a vários fatores, os quais irão afetar a habilidade competitiva da cultura e serão listados abaixo:
Espaçamento da cultura: quando o espaçamento é reduzido, ele possibilita o fechamento rápido da cultura, e consequentemente o sombreamento do solo, o que diminui a possibilidade de sementes que necessitam de luz germinarem;
- Emergência da cultura antes das infestantes: dar uma dianteira competitiva para a cultura é de extrema importância, e isso é feito através do controle químico das plantas daninhas, utilizando herbicidas pré-emergentes antes da semeadura ou plantio, pré-emergência após a semeadura, com bom efeito residual. Além disso, condições que sejam favoráveis ao desenvolvimento da cultura, sem nenhum tipo de estresse, também dá a ela essa dianteira e maior capacidade competitiva sem afetar a produtividade final. Essas condições podem ser melhoradas e manejadas através de preparo do solo, adubação adequada de acordo com as necessidades da cultura, controle de outras pragas além das plantas daninhas, como insetos e controle de patógenos;
- Espécies infestantes: quanto mais as espécies de plantas daninhas forem parecidas botanicamente com a espécie cultivada, mais elas competem entre si e, portanto, maiores serão as perdas em produtividade da cultura;
- Densidade populacional das plantas daninhas: em altas densidades, há maiores perdas na produtividade.
É de grande importância ressaltar que o controle das plantas daninhas deve ser iniciado antes mesmo da semeadura. Esse controle deve ser feito de forma integrada, ou seja, deve ser feito o manejo integrado, utilizando diversas técnicas, seja controle cultural, fisco e químico. Mas a chave para evitar a interferência negativa para a cultura é dar a ela a dianteira competitiva, ou seja, aplicação de herbicidas residuais em pré-emergência e favorecer o seu desenvolvimento através de manejo como já citado acima, fazendo com que a cultura interfira negativamente nas plantas daninhas, e não vice-versa.
Fonte Texto:
VIDAL, Ribas A. Interação negativa entre plantas: inicialismo, alelopatia e competição. Porto Alegre: Evangraf, v. 132, 2010.