Agricultura

Cigarrinha-das-raízes: avanços no controle da praga animam pesquisadores

Lançamento de novas moléculas permite maior eficiência no combate à praga, que pode provocar perdas de até 60% na produtividade dos canaviais

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Imagem cigarrinha-das-raízes

A praga não é nova, mas nos últimos anos passou a preocupar ainda mais os produtores de cana-de-açúcar no Brasil. É a cigarrinha-das-raízes, ou Mahanarva spp. pelo nome científico, capaz de provocar perdas de até 60% na produtividade.

 

A boa notícia é que novas moléculas vêm sendo aprovadas para o controle desta praga. E, se o produtor adotar o manejo adequado, poderá resolver o problema de maneira muito mais eficiente, evitando necessidades de reaplicações para o controle satisfatório deste inseto.

O agravante é que até recentemente havia poucos produtos registrados para o controle da cigarrinha

Leila Dinardo-Miranda

pesquisadora do Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo.

A especialista do IAC, explica que, em função disso, os inseticidas que eram usados foram permitindo a seleção de indivíduos resistentes nas populações do inseto e os agricultores passaram a fazer mais de uma aplicação para controlar a praga.

 

O resultado foi aumento de custos de um lado e prejuízos econômicos cada vez mais expressivos de outro, já que as aplicações estavam perdendo a eficácia no controle da cigarrinha-das-raízes.

 

Além da resistência aos produtos existentes, os especialistas dizem que o agravamento da presença da cigarrinha-das-raízes também está relacionado ao processo de mecanização no setor canavieiro. O sistema de colheita manual, que usava queimadas, foi substituído pela colheita mecanizada, que se caracteriza por manter uma camada densa de palhada no solo.

 

Desta forma, o solo fica mais úmido já que a palha dificulta a perda de água, o que é bom para as plantas. Porém, esta característica também cria condições mais favoráveis para o desenvolvimento da cigarrinha.

 

A pesquisadora do IAC, que sempre defendeu a necessidade da aprovação de novas moléculas, está animada com os recentes avanços nesta área. 

A chegada de novos princípios ativos para controle desta praga é uma boa notícia para o produtor porque agora ele tem mais opções de inseticidas químicos e poderá fazer uma rotação maior dos produtos

Leila destaca que o controle deve melhorar não só porque geralmente produtos novos costumam ser bastante eficientes, mas principalmente por uma maior possibilidade de rotação. "Espera-se que, com o tempo, esta rotação de produtos ativos permita até mesmo que os mais antigos também voltem a ter um resultado melhor”, afirma.

Conheça a cigarrinha

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Imagem do efeito da cigarrinha no solo

A cigarrinha provoca redução na produtividade de colmos e ainda no teor de açúcar na cana, aumentando o de fibra. A perda de produtividade é diferente em cada variedade: umas são mais afetadas que outras.

 

O tamanho da planta ao ser atacada, também interfere nos danos causados pela cigarrinha: quando as plantas estão muito pequenas no momento de ocorrência das cigarrinhas, o dano é muito maior do que em plantas grandes.

 

O nome da praga está ligado ao seu hábito alimentar: quando jovens, se alimentam das raízes e radicelas das plantas de cana. Mas os danos são causados tanto pelas ninfas (formas jovens) quanto pelas formas adultas.

 

A principal forma de combate da cigarrinha-das-raízes é o controle químico, com o uso de inseticidas. E conforme vem sendo defendido pelos especialistas, a rotação entre diferentes produtos é uma dica importante para ter resultados cada vez melhores.

 

A escolha do inseticida também é fundamental: alguns dos novos produtos autorizados têm ação muito rápida, logo nas fases iniciais, garantindo melhores resultados. Além disso, recomenda-se a escolha de produtos com alta seletividade, ou seja, que combatam a praga sem afetar os insetos que são seus inimigos naturais e que ajudam a manter a lavoura saudável.

Manejo adequado 

Fazer o monitoramento é o primeiro passo para um controle eficaz da cigarrinha-das-raízes. Os levantamentos em campo são capazes de identificar o número de ninfas nos canaviais. A ninfa é o estágio de inseto jovem da cigarrinha-das-raízes, período em que ela já começa a sugar os nutrientes e água das plantas, sendo essa a forma biológica que mais causa danos a lavoura.

 

"O mais indicado é fazer os levantamentos 20 dias depois das primeiras chuvas, que chegam com o início da primavera”, afirma a pesquisadora. O monitoramento vai indicar os locais em que há populações no chamado “nível de controle", em que o tratamento deve ser iniciado imediatamente.

 

A pesquisadora admite que, em algumas áreas, pode ocorrer do canavial crescer muito rápido e não ser possível entrar com o trator, por exemplo.

 

O engenheiro agrônomo Michel Fernandes, da MSFernandes consultoria, concorda que o problema da cigarrinha-das-raízes vem se agravando.  Segundo ele, há 15 anos a praga era considerada secundária e, atualmente, junto com a broca, é o problema que mais causa danos econômicos no setor canavieiro.

 

Na região do Triângulo Mineiro a praga vem causando perdas de 30% na produtividade da cana-de-açúcar.

 

 

Fernandes recomenda o tratamento com inseticidas de alta solubilidade na maior parte da área considerada suscetível. “A empresa que tiver condições de investir vai adotar a aplicação porque, apesar do maior custo com os agroquímicos, ainda assim vai lucrar, evitando a perda que seria causada pela cigarrinha", diz.

 

A rotação entre diferentes inseticidas também é defendida por Fernandes. "Quanto mais opções disponíveis para testar, mais vamos avançar para identificar quais produtos tem melhor resultado”, afirma.

 

Na opinião dele, uma parte da tão falada resistência dos antigos produtos está relacionada ao manejo inadequado, já que cada região tem a sua peculiaridade.

 

Pensando em ajudar no controle da cigarrinha, a BASF lança o novo inseticida Entigris® com residual de alta eficiência.

Controle integrado

Outra forma de enfrentar o problema da cigarrinha é o controle biológico. Apesar de já ser utilizado há décadas, as pesquisas nesta área vêm se intensificando desde os anos 2000.

 

A pesquisadora do IAC Leila afirma que cerca de 20% das áreas afetadas pela cigarrinha-das-raízes no Brasil hoje já utilizam produtos biológicos, que consistem principalmente no uso do fungo Metarhizium anisopliae.

 

"O controle biológico é feito em conjunto com inseticidas químicos, visando a colonização da área com o fungo e com o tempo as populações de cigarrinha poderão se reduzir", explica.

 

Ela pondera, no entanto, que este tipo de controle não é tão eficiente de forma isolada, por isso defende um manejo integrado de pragas que contemple diferentes ações, inclusive o complemento com inseticidas químicos.

 

"A não ser que seja na produção orgânica, não acredito que em áreas muito grandes este controle biológico possa ser usado isoladamente”, esclarece. 

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