Agricultura

Mancha-de-Phoma: um grande problema nos cafezais

Mancha-de-Phoma – importante doença que ataca folhas, flores, frutos e ramos do cafeeiro. Entenda mais sobre a doença, sua relação com o clima e como controlá-la.

Giovane Assoni - ESALQ-USP

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A doença conhecida como mancha-de-phoma é causada por várias espécies de fungos do gênero Phoma. No Brasil cinco espécies estão associadas a essa importante doença: Phoma tardaP. costarricensisP. herbarumP. jolyana var. jolyana e P. leveillei.

Independente da espécie responsável por causar a doença, os sintomas nas plantações de café são bem característicos, causando danos em folhas, flores, frutos e ramos do cafeeiro, o que reflete diretamente na produção, pois a doença leva a morte de botões florais e brotações novas, além de ocasionar a queda de frutos e a má granação, comprometendo também a qualidade da bebida.

 

Danos causados pela doença:

Folhas: Os fungos responsáveis pela mancha-de-phoma atacam em maior intensidade as folhas da ponta dos ramos (folhas mais novas), podendo também ser observados sintomas no segundo par de folhas (menos comum). Com o ataque são observadas manchas irregulares de coloração negra, com diâmetro aproximado entre 0,5 a 2,0 cm. Os sintomas se iniciam na borda do limbo foliar que com o desenvolvimento da doença adquire aspecto enrugado e posterior necrose.

Ramos: A doença penetra nos ramos através das aberturas causadas pela queda das folhas nos primeiros cinco nós. Ao ser infectado, o ramo começa a secar do ápice para a base, levando a uma intensa queda de folhas. Com o desenvolvimento da doença o ramo atacado torna-se totalmente seco. Outro sintoma do ataque de Phoma na planta é o superbrotamento, devido a morte das extremidades dos ramos, o que gera uma grande quantidade de ramos laterais.

Flores: O ataque da doença também pode levar a queda de botões florais e flores

Frutos: Podem ser atacados em qualquer fase de desenvolvimento. Os frutos tornam-se negros e mumificados, enquanto em frutos já formados aparecem pontuações negras (frutificações do patógeno).

 

Condições favoráveis à doença:

Estudos mostram que as condições ideais para o desenvolvimento do patógeno são:

1) Temperaturas mais baixas (entre 16 a 20°C);

2) Regiões com altitude elevada (superior a 1000 m);

3) Ventos constantes;

4) Umidade elevada.

Segundo informações obtidas na Revista Cafeicultura, ventos frios causam nas plantas injúrias nas folhas, facilitando a entrada do patógeno. Além disso, regiões mais frias e úmidas com a presença de vento sul e sudeste durante o florescimento, favorece a ocorrência da doença no início do período de formação dos frutos, o que gera a mumificação e queda, comprometendo em muito a produção.

Os períodos do ano em que as condições citadas acima ocorrem com maior frequência são entre os meses março a abril (final do período chuvoso) e setembro a outubro (início do período chuvoso), dessa forma nessas duas épocas do ano o patógeno encontra melhores condições para se desenvolver, fazendo com que o produtor se atente mais ao controle dessa doença.

 

Como controlar a doença:

O controle da mancha-de-phoma, antes de tudo, deve ser preventivo, evitando assim a instalação de lavouras em áreas sujeitas a ventos fortes e frios, e considerando que a implantação do cultivo em localidades com altitude superior a 1000 m está sujeita a uma maior incidência de Phoma.

Em áreas sujeitas a ventos fortes, recomenda-se a instalação adequada de quebra-ventos, essa medida deve seguir critérios técnicos, pois se mal implantada pode canalizar a incidência de ventos ao invés de barrá-los, favorecendo assim a doença.

Adubações equilibradas evitam o desequilíbrio nutricional das plantas, o que diminui o esgotamento de ramos produtivos, desfavorecendo a incidência da doença.

O controle químico é outra medida de controle da doença, o qual também deve ser realizado de maneira preventiva. As aplicações de fungicidas específicos devem ser iniciadas no começo do período favorável à doença, que ocorrem geralmente no mês de setembro (início das primeiras chuvas), continuando as aplicações durante os meses de novembro a dezembro, caso se observe condições climáticas favoráveis.

Em alguns anos quando observada condições ideais para ao patógeno, é recomendado que seja feita a aplicação de produtos após o mês de março (como forma de evitar desfolha nas plantas) e na fase de formação dos frutos (chumbinho).

Fonte Texto:

Revista Cafeicultura

ZAMBOLIN, L. Doenças do Cafeeiro. In: AMORIM, L. et al. (Ed.). Manual de Fitopatologia: Volume 2 – Doenças das Plantas Cultivadas. 5ª ed. Ouro Fino: Ceres, 2016. p. 193- 213.

Fonte Imagem:

Revista Campo & Negócios (Crédito: Cristiano Soares de Oliveira)

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