Agricultura
Clima favorável à ocorrência do Mofo-Branco em diversas culturas sugere atenção
Atenção produtores! AgroDetecta aponta condições favoráveis à ocorrência de Mofo-Branco em diversas regiões e diversas culturas. Entenda mais sobre a doença e saiba como manejar!
Daniel Grossi | ESALQ - USP
A Podridão de Sclerotinia, é causada por Sclerotinia sclerotiorum, um fungo capaz de causar doença em uma vasta gama de hospedeiros. Alguns autores apontam que o patógeno tem como hospedeiros 408 espécies de plantas, sendo vários deles, culturas de importância econômica como soja, feijão, algodão, girassol, canola, ervilha, pepino, tomate, batata, quiabo, fumo e alface.
Importância da doença
Devido à grande variabilidade de hospedeiros e ao potencial de dano, que pode chegar a 100%, dependendo do hospedeiro e das condições climáticas, S. sclerotiorum é considerado como um dos patógenos de maior importância global.
Entendendo a doença
A doença causada por ele é também chamada de Mofo Branco ou Podridão Branca em função dos sintomas típicos da doença. Vamos entender o motivo. Inicialmente, as lesões causadas pelo ataque do fungo são pequenos pontos que aspecto encharcado e formato irregular. Na medida em que a doença evolui, as lesões aumentam de tamanho e adquirem coloração parda, mantendo o aspecto de encharcado, fazendo com que os tecidos afetados tenham uma consistência mole. Sobre o tecido afetado e em seu interior, surge um crescimento, normalmente grosso, de coloração branca e aspecto cotonoso, que são as estruturas de crescimento do fungo, chamada micélio.
Ainda conforme a doença evolui, em pontos do crescimento do fungo surgem estruturas pequenas, arredondadas e de formato irregular, de coloração escura e rígidas, chamadas escleródios.
Estes escleródios consistem em estruturas de resistência do patógeno, por meio das quais o fungo sobrevive no solo por períodos longos períodos.
O início da doença.
A doença se inicia com condições ambientais favoráveis, que consistem em temperaturas amenas, variando de 10 a 24oC, alta umidade relativa e solo saturado, seja por chuva ou irrigações. Nessas condições, o escleródio, que é a estrutura de resistência do fungo, germina, dando origem a uma outra estrutura pequena, de coloração castanho-escura, em formato de taça, chamada apotécio. A formação do apotécio também é estimulada em locais sujeitos a saturação do solo, em ambientes sombreados, onde o solo seca de maneira mais lenta.
É esta estrutura que produz os esporos que irão infectar a parte aérea das culturas e causam os sintomas típicos, conforme fotos abaixo.
Na medida em que a doença evolui, formam-se novamente o micélio e os escleródios que, com a necrose dos tecidos e morte da planta, são levados ao solo, onde permanecerão por longos períodos até que as condições se tornem favoráveis novamente e, na presença de um dos hospedeiros, a doença se inicie mais uma vez.
Manejo da doença
Como vimos, a estrutura de resistência do fungo, o escleródio, permanece viável no solo por longos períodos, o que dificulta o controle da doença.
Por isso, o ideal é prevenir a entrada da doença na área, por meio de uso de sementes sadias, provenientes de produtores certificados, uma vez que escleródios podem vir no lote de sementes adquirido ou as próprias sementes podem vir contaminadas com micélio dormente do fungo.
Também é recomendado o tratamento das sementes de forma de evitar a transmissão da doença para as plantas jovens caso as sementes adquiriras estejam contaminadas.
Em locais onde a doença já foi detectada em outras safras, o manejo envolve a rotação de culturas, com espécies não hospedeiras do Mofo Branco, como por exemplo gramíneas e o planejamento da semeadura de modo a evitar a coincidência da cultura no campo com períodos de alta umidade e temperaturas mais baixas, na faixa dos 10 a 24oC, além de evitar adensamento da cultura, utilizando espaçamentos maiores, eliminando assim, ambientes favoráveis ao fungo.
Em culturas sob pivô central, é recomendado evitar o excesso de irrigação durante a época da florada, de modo a evitar o excesso de umidade no solo, que favorece o patógeno.
Além de todas estas práticas, recomenda-se o controle químico, que deve ser feito sempre de maneira preventiva, utilizando produtos registrados para a cultura e alvo biológico e seguindo as recomendações de bula quanto ao início, intervalo e número máximo de aplicações por ciclo da cultura.
Fonte Texto:
Amorim,L., et al., Manual de Fitopatologia, vol. 2, doenças das plantas cultivadas 5° ed., São Paulo: Agronômica Ceres, 2016
REIS, E.M.; BRUSTOLIN, R.; DANELLI, A.D.; CASA, R.T. Manejo integrado do mofo branco. Revista Plantio Direto, v. 122, p. 28-30, 2011b.
Mueller, D.S., A.E. Dorrance, R.C. Derksen, E. Ozkan, J.E. Kurle, C.R. Grau, J.M. Gaska, G.L. Hartman, C.A. Bradley, and W.L. Pedersen. 2002. Efficacy of fungicides on Sclerotinia sclerotiorum and their potential for control of Sclerotinia stem rot on soybean. Plant Disease 86:26-31.
Fonte Imagem:
American Phytopathological Society (APS)
EMBRAPA Soja