Agricultura
Partição de carboidrato em cultura anual | BASF
O que é partição de carboidrato? Qual a sua importância prática? Leia para saber mais sobre o assunto.
Prof. Neto - ESALQ-USP
Partição de carboidrato
A partição de carboidrato se refere à variação temporal do carboidrato oriundo da fotossíntese líquida que é alocado para fazer raiz, caule (haste no caso de feijão e soja e colmo no caso de milho), folha e órgãos reprodutivos.
Importância prática
A estratégia da planta de crescer e se desenvolver é reflexo da partição de carboidrato. O conhecimento dessa estratégia permite nortear e otimizar as ações de manejo.
No início (emergência) do ciclo das culturas (milho, feijão e soja, por exemplo) até cerca da primeira metade da fase vegetativa, em geral, a raiz é o principal dreno fisiológico. Na segunda metade da fase vegetativa até o florescimento, o caule e as folhas são os principais drenos fisiológicos. Durante a fase vegetativa, a alocação de carboidrato aos órgãos reprodutivos é praticamente nula.
Durante o primeiro terço da fase reprodutiva, a partir do florescimento, ocorre o período de maior sensibilidade ao estresse (seja de natureza abiótica, como o estresse hídrico e o térmico, ou biótica, como pragas e doenças). Nesse período também ocorre maior demanda hídrica (evapotranspiração potencial da cultura – ETc, em mm/dia), devido a ocorrência do valor máximo de índice de área foliar (IAF).
Fenologia e manejo
A fenologia é a referência de manejo. O tempo é apenas uma referência prática. Graus-dia (ou índice térmico ou soma calórica ou soma térmica) é a referência de planejamento.
Fenologia: estádios e fases
O momento de caracterização da planta (escala do fisiologista de planta) ou da cultura (escala do fitotecnista) se refere tecnicamente ao estádio fenológico (na língua portuguesa, estádio também pode significar período: talvez essa seja a razão da imprecisão da terminologia utilizada nos cursos de Agronomia).
O período entre dois estádios (momentos) se refere à fase fenológica. Por exemplo: (i) a fase vegetativa se refere ao período entre a emergência e o florescimento, e (ii) a fase vegetativa se refere ao período entre o florescimento e o ponto de maturidade fisiológica. Por outro lado, também podemos afirmar que a fase mais crítica à falta de água à cultura de milho é a que ocorre entre os seguintes momentos (estádios): florescimento e grãos leitosos.
A fenologia estuda a relação entre os diferentes estádios (caracterização do visível) com os eventos fisiológicos e bioquímicos (caracterização do invisível). Para caracterização do visível, normalmente utiliza-se o número de folhas ou nós durante a fase vegetativa e a caracterização dos órgãos reprodutivos (flor e semente botânica – semente ou grão) durante a fase reprodutiva.
Considerações finais
Toda e qualquer intervenção (ação de manejo) deve ter como referência os estádios fenológicos. Sendo assim, tanto a informação de pesquisa, quanto a recomendação prática, será extrapolável, portanto, independente do ambiente de produção.
A partição de carboidrato orienta a intervenção. Para intervir no sistema radicular, a melhor ação é o tratamento de sementes. Para otimizar o caule e as folhas (intervir para aumentar área foliar), a melhor ação é na segunda metade da fase vegetativa. Para reduzir perda de área foliar e de flores, a melhor ação é durante o primeiro terço da fase reprodutiva. Para aumentar massa da semente botânica, a ação deve priorizar o segundo (principalmente) e o terceiro terço da fase reprodutiva. Sob condição de sequeiro, deve-se semear para que o período crítico (primeiro terço da fase reprodutiva) ocorra no período de máxima probabilidade de chover pelo menos a evapotranspiração potencial da cultura no período correspondente.