Agricultura

Falta de chuva afeta desenvolvimento da seg 2ª safra de milho | BASF

Produtores que plantaram a segunda safra de milho estão satisfeitos com a valorização do grão, mas apreensivos com as perdas que a falta de chuva ocasiona

Um ano marcado por preços recordes, atraso no plantio e muita preocupação com o clima. Produtores que plantaram a segunda safra de milho no Brasil estão satisfeitos com a valorização do grão, mas bastante apreensivos com as perdas que a falta de chuva pode causar, especialmente no Paraná e em Mato Grosso do Sul.

 

"Em algumas regiões já se passaram mais de 30 dias sem chuva", diz o produtor Paulo César Pagotto Gonçalves, de Cambira, no norte paranaense.

 

O agricultor teme que, em algumas áreas, a perda seja total e diz que, mesmo que a chuva se normalize em maio, já espera uma queda de pelo menos 15% em relação, a média de produtividade registrada no ano passado, que foi de 118 sacas por hectare.

 

Com a incerteza climática e os preços firmes, Gonçalves garante que não fez e nem pretende fechar venda futura. O produtor afirma que “já viu muita gente ficar em apuros, vender boa parte da safra e depois não ter produto suficiente para cumprir o contrato".

 

O diretor da Pátria Agronegócios, Matheus Braz, confirma que esta é uma realidade da segunda safra de milho em 2021. Os dados da consultoria mostram que apenas 25% da segunda safra no Brasil já havia sido comercializada até meados de abril, enquanto no mesmo período do ano passado este percentual estava em 65%.

"Em 2020, a lavoura estava mais saudável, o produtor se sentia mais seguro para fechar a venda antecipada” 

Matheus Braz

Pátria Agronegócios

Outro fator que pode ser determinante para a queda da produtividade é o atraso no plantio, com muitas lavouras entrando em períodos de dias mais curtos e frios.

 

Em Mato Grosso, por exemplo, 45% da área de milho segunda safra foi semeada fora da janela ideal. O presidente interino da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Marcos da Rosa, diz que o plantio no estado precisa ser concluído até 20 de fevereiro para maior segurança do produtor, mas este ano foi realizado em março. Mais uma vez, atribuído ao fator clima.

 

O motivo foi o atraso na safra de soja, impactada pela falta de chuva no início e pelo excesso de umidade na colheita, o que acabou afetando fortemente a safrinha de milho.

 

Marcos da Rosa admite que plantar tardiamente é uma decisão de alto risco, já que a cultura tende a ser afetada pelo clima, mas o produtor ainda assim apostou na cultura do milho para aproveitar os preços recordes da temporada. Relatório divulgado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), no dia 19 de abril, apontava a expectativa de uma produtividade média de 105 sacas/hectare na safra de milho 2020/2021 no estado, um recuo de quase 6% em relação ao ciclo anterior.

 

Diversas consultorias de mercado já começaram a revisar as projeções nacionais com base nas adversidades climáticas. A IHS Markit, por exemplo, divulgou em abril uma previsão de 79,45 milhões de toneladas para a segunda safra de milho, volume bem abaixo do divulgado em fevereiro, quando a expectativa era colher 85 milhões de toneladas. 

 

O Rabobank também cortou em 2 milhões de toneladas a expectativa de produção de milho nesta safra, em relação a estimativa divulgada no início do ano.

 

Já a Conab, no levantamento divulgado em abril, ainda apostava em rendimentos na safrinha superiores ao ano passado, mas possivelmente em breve deve contabilizar os efeitos climáticos das últimas semanas.  

Os analistas concordam que os estados mais afetados pela falta de chuvas são Paraná e Mato Grosso do Sul, mas também registram perdas em áreas de Minas Gerais, São Paulo e Goiás.

 

Em Mato Grosso, embora a condição climática esteja mais favorável, a queixa dos produtores se refere a irregularidade nas chuvas. “Depende da região, no médio norte, por exemplo, que inclui importantes produtores como Nova Mutum, também houve prejuízo”, relata Marcos da Rosa, da Famato.

 

O momento é considerado crucial para definir qual será o tamanho deste impacto. A Pátria Agronegócios preferiu não revisar a estimativa inicial, admitindo que, a cada semana, a queda na produtividade pode avançar 5 pontos percentuais, caso a chuva não se regularize. “Mas uma redução de 10% na média brasileira que havia sido projetada em 90,7 sacas/ha, isso já sabemos que provavelmente vai ocorrer", afirma Matheus Braz. 

Preços em alta

É difícil imaginar, mas nos últimos cinco anos a saca de milho no mercado físico regional brasileiro subiu 380%. O valor do cereal em dólares também teve valorização, entre 2016 e 2021, o preço médio subiu de US$ 170/ton para US$ 285/ton, um aumento de 167%, segundo cálculos fornecidos pela Pátria Agronegócios.

 

"São os chamados macro ciclos de alta, que costumam ocorrer a cada XXX anos”, diz o analista Matheus Braz. E são duas as explicações para estes recordes sucessivos nos preços.

1. 

A primeira delas é a redução na oferta. O América do Sul, por exemplo, vem registrando quebras de safra com frequência. O ciclo começou em 2016, com uma redução importante da produção de milho no Brasil. Embora o problema não tenha sido registrado ao longo de todo este período, quando ocorreu, foi expressivo. De outro lado, os Estados Unidos, onde grande player mundial da produção de milho vem registrando perdas na produção em anos consecutivos, o que foi agravando o problema.

 

2.

A segunda razão da alta nos preços é a redução da oferta e o aumento na demanda mundial pelo milho. Desde a ocorrência da peste suína africana, a China mudou a política de alimentação e passou a incentivar o suinocultor a utilizar rações certificadas, o que pressionou a demanda por grãos. Os chineses importavam cerca de 3,5 milhões de toneladas antes da epidemia, em 2018. Hoje chegam a importar 30 milhões de toneladas, se transformando no maior importador mundial do grão.

Com todos estes fatores, o analista Matheus Braz diz que o cenário é de um déficit global de milho. No ano passado a diferença entre oferta e demanda pelo grão ficou negativa em 12 milhões de toneladas e este ano deve chegar a 20 milhões.

 

A expectativa da consultoria é de que não haja mudança significativa neste cenário altista para os preços pelo menos nos próximos três anos, quando aí sim poderia se encerrar o macro ciclo.

 

Um dos riscos é a situação da peste suína africana, já que, se houver novo surto, pode ocorrer uma redução no rebanho e consequentemente a demanda por grãos. O cenário, no entanto, é considerado pouco provável, embora possível.

 

Com expectativa otimista para os preços, os principais estados produtores registraram aumento na área plantada com o milho segunda safra. Os dados da Conab indicam o cultivo de 14,8 milhões de hectares na safrinha, uma alta de 7,9% na comparação com o ciclo 2019/2020.

Ocorrência de pragas na cultura do milho em 2021

Uma das principais preocupações dos produtores de milho este ano, especialmente em regiões como Paraná e Minas Gerais, é a cigarrinha. A presença da praga já vinha sendo registrada há alguns anos, mas ficou mais frequente, multiplicando prejuízos no campo, a partir de 2016 e, desde então, vem mobilizando pesquisadores em busca de alternativas para combater e conviver com o problema.

Confira as soluções que a BASF pode oferecer, como herbicidas, inseticidas e fungicidas para cultura do milho.

Ao atacar a lavoura, a cigarrinha do milho traz consigo uma bactéria com ausência da parede celular, capaz de sugar a seiva da planta, entupir os vasos condutores, fazendo com que o milho entre em colapso. A doença causada por esta praga é chamada de "enfezamento" do milho.

 

Um dos primeiros especialistas no Brasil a fazer o alerta sobre a gravidade do problema foi Fabrício Andrade, da empresa Agro7, de Patrocínio-MG. “Nós levamos a informação a diferentes órgãos desde 2013, mas muitos não davam importância".

 

Ele diz que alguns cuidados são fundamentais para minimizar os prejuízos causados pela cigarrinha. O primeiro deles é a escolha correta da variedade para cada região. Segundo Andrade, *alguns cruzamentos que são oferecidos no mercado, vêm demonstrando menor sensibilidade aos danos provocados pela cigarrinha do milho. “Híbridos que tenham pai e mãe tropicais, por exemplo, costumam sentir menos", diz ele.

 

A teoria já se constata na prática. O agricultor Paulo Gonçalves, do Paraná, diz que preferiu este ano uma variedade que promete 90% de proteção a cigarrinha. "Vem dando resultado, consegui reduzir bastante o problema”, revela.

 

O produtor conta que também tem optado por biológicos para combater este tipo de praga, mas explica que em anos como este, com tempo seco, a sobrevivência do fungo fica comprometida e o resultado fica abaixo do esperado.

 

Outra dica do mestre em agronomia Fabricio Andrade é aplicar o inseticida para o milho o mais cedo possível, além de optar por produtos com maior solubilidade e residual de controle.

 

O especialista recomenda um cuidado especial com a nutrição das plantas, já que as defesas naturais podem ser importantes aliadas no combate ao problema, e por último e não menos importante a eliminação de plantas voluntarias ou guaxas não permitindo a proliferação da praga na entressafra.

 

A safrinha de milho do ciclo 2020/2021 também vem sendo marcada pela alta presença de percevejos, especialmente nas lavouras de Mato Grosso.

 

 Já em Goiás e em diversos outros estados, os produtores se queixam de problemas com pulgões que apresentam controle difícil. A praga consome os nutrientes da planta, se alimenta da seiva, tirando a vitalidade das plantas. 

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