As sete doenças da cultura da soja
Giovani Assoni - Engenheiro Agrônomo - ESALQ / USP
A cultura da soja, uma das mais importantes do agronegócio e para a economia brasileira, possui doenças que podem impactar diretamente na produtividade. Confira as sete principais doenças da plantação de soja.
A doença na lavoura de soja reduz em até 30% a produtividade e pode ocorrer em todas as regiões produtoras do país; porém, ataques mais severos são observados em regiões mais quentes e chuvosas. Temperaturas entre 23 a 27°C e alta umidade são ideais para o desenvolvimento da doença.
O fungo ataca todos os órgãos da planta e causa, entre outros sintomas, a desfolha prematura. Ataque nas vagens pode também contaminar as sementes causando a mancha púrpura no tegumento.
Manejo do crestamento foliar na soja: utilização de sementes certificadas livres do patógeno, realização de tratamento de semente e aplicação de fungicidas adequados na parte aérea são as principais formas de controle dessa doença
Amplamente disseminada no país, a doença pode causar redução de rendimento de até 30%. Geralmente ocorre em associação com a incidência do crestamento foliar de cercospora, sendo considerada como um complexo de doenças de final de ciclo.
O fungo sobrevive em restos de cultura e em sementes infectadas. Doença se desenvolve em temperaturas de 15 a 30°C (com ótimo de 25°C) necessitando também de um período de molhamento de 6 horas.
Infecções severas causam desfolha e maturação precoce na plantação de soja.
Manejo da mancha parda na soja: devido ao fungo conseguir sobreviver em restos de cultura, a melhor forma de controle dessa doença é feita através da rotação de culturas, associada à melhoria das condições físicas e químicas do solo, com enfoque em adubações a base de potássio além do uso de fungicidas adequados.
Doença comum em plantios de soja, considerada como um dos principais problemas em lavouras presentes no Cerrado.
O fungo tem o seu desenvolvimento privilegiado em regiões de clima mais quente e úmido. Problemas mais severos são observados em locais com solo de baixa fertilidade (sobretudo deficientes em potássio) e com alta população de plantas.
Pode causar morte de plântulas, necrose dos pecíolos e manchas em folhas, hastes e vagens. Em anos chuvosos é comum que a doença cause redução do número de vagens, resultando em perdas significativas na produção.
Manejo da antracnose na soja: a doença é controlada através do uso de sementes sadias, tratamento de sementes, rotação de culturas e utilização de maior espaçamento entre linhas (50-55 cm), o que permite um maior arejamento à lavoura. Manejo adequado do solo, com enfoque em adubações potássicas, também é outra forma de controle da doença além do uso de fungicidas adequados.
A doença pode ser encontrada em todas as regiões produtoras do país. Em cultivares suscetíveis causa perdas na produção ao redor de 35%. O fungo ataca as folhas, caule, vagens, sementes, hipocótilos e também as raízes (causando a chamada Podridão Radicular de Corynespora).
Alta umidade relativa do ar propicia a infecção nas folhas, sendo responsável por uma intensa desfolha. Já a infecção das raízes é favorecida por temperatura do solo entre 15 a 18°C, causando a podridão radicular.
Fungo consegue sobreviver em restos de cultura e em sementes infectadas.
Manejo da mancha-alvo na soja: dentre as formas de controle da mancha alvo destaca-se a utilização do tratamento de sementes, rotação/sucessão de cultura com milho e outras gramíneas, utilização de cultivares resistentes e o controle com fungicidas apropriados.
Para o controle da podridão radicular é recomendado a realização da rotação de culturas e também a descompactação do solo, como forma de evitar o enfraquecimento das raízes por excesso hídrico (o que facilita contaminação do fungo).
O fungo possui a capacidade de infectar qualquer parte da planta, porém as infecções são mais frequentes a partir das inflorescências, sendo o período mais vulnerável à ocorrência da doença durante as fases de floração plena (R2) até o início da formação das vagens (R3/R4).
Alta umidade relativa do ar e temperaturas amenas favorecem o desenvolvimento dessa doença.
Manejo do mofo branco: é importante ressaltar que uma vez introduzida em uma área, o mofo branco é uma doença de difícil erradicação, assim devem ser tomadas todas as medidas para evitar a introdução do patógeno na lavoura. Utilização de sementes certificadas e tratamento de sementes são medidas indispensáveis, juntamente com o uso de fungicidas apropriados.
O oídio é uma das doenças mais comuns na cultura da soja, porém ocorre em maior frequência em regiões mais altas, onde as temperaturas são mais amenas (18 a 24°C) e umidade relativa do ar são mais baixas.
O fungo ataca toda a parte aérea da planta, podendo em epidemias severas causar seca e queda prematura das folhas.
Manejo do oídio na soja: para o controle do oídio as práticas mais recomendadas são a utilização de cultivares resistentes e aplicação de fungicidas apropriados.
Considerada a doença mais severa da cultura da soja, a ferrugem asiática pode causar perdas na produtividade acima de 80%.
A infecção da ferrugem ocorre quando há disponibilidade de água livre, sendo necessário um período de molhamento mínimo de 6h. Além disso, temperaturas entre 15 a 25°C favorecem o desenvolvimento da doença.
Manejo da ferrugem asiática: o controle mais eficiente da ferrugem asiática é realizado através do tratamento químico. O fungicida deve ser aplicado de maneira preventiva ou quando aparecerem os primeiros sintomas. Os principais produtos utilizados no controle da ferrugem asiática pertencem aos grupos dos triazóis, estrobilurinas, carboxamidas e mais recentemente as morfolinas.
Vale ressaltar que para um correto controle da doença, o tratamento químico deve sempre ser utilizado em conjunto com outras estratégias de manejo, tais como:
A soja possui uma série de outras doenças e procuramos nessa publicação elencar as sete principais doenças da soja que causam problemas na lavoura e podem prejudicar a produtividade.