Agricultura

Importância do manejo de plantas daninhas em condições de pós emergência na cultura de feijão | BASF

Por ser cultivado em três épocas do ano e sob diversas condições edafoclimáticas, a cultura de feijão sofre com a interferência das plantas daninhas, com perdas na produtividade de grãos de 35 a 67%.

Danilo Carvalho - ESALQ / USP

Estas perdas se devem principalmente pelo seu ciclo vegetativo curto, que a torna bastante sensível à competição pelos fatores essenciais de crescimento (água, luz e nutrientes), sobretudo nos estádios iniciais de desenvolvimento. Outro prejuízo que a infestação de plantas daninhas causa, é na operação de colheita, assim como depreciam a qualidade do produto, servindo ainda como hospedeiras de insetos e agentes causadores de doenças, como o mosaico dourado, podridão cinzenta do caule, galha das raízes, e o mofo branco. Estes prejuízos são dependentes do nível de infestação e da espécie de planta daninha incidente na área.

Dentre as principais espécies de plantas daninhas que ocorrem na cultura de feijão, segundo Cobucci et al. (1999), mais de 60% pertencem às famílias Poaceae (folhas estreitas) e Asteraceae (folhas largas). Em pesquisa conduzida por Procópio et al. (2004) sobre os aspectos fisiológicos da cultura de feijão e das plantas daninhas picão-preto (Bidens pilosa), carrapicho beiço de boi (Desmodium tortuosum) e leiteiro (Euphorbia heterophylla), evidenciaram que apesar dessas plantas produzirem menor enfolhamento do que o feijoeiro, elas foram mais eficientes na utilização da radiação por unidade de área foliar e na utilização da água, ou seja, com menor quantidade de recursos sobressaíram sobre a cultura. No entanto, é também dependente do período de convivência entre as plantas daninhas e a cultura de feijão.

Em geral, o período crítico de prevenção à interferência (PCPI), ou seja, o período em que medidas de controle devem ser adotadas para que a lavoura de feijão seja mantida fora da interferência com as plantas daninhas, está entre os estádios V4 (emissão da terceira folha trifoliolada) e R6 (abertura da primeira flor). Após o estádio fenológico V4 a planta do feijoeiro apresenta uma taxa de crescimento maior e desta forma qualquer competição que ocorra nesta época afeta o índice de área foliar, refletindo-se na produção final. Sendo assim, para evitar estas perdas é importante que seja adotado um manejo adequando de plantas daninhas.

Um dos principais métodos de controle de plantas daninhas na cultura de feijão é o químico, devido sua alta eficácia e viabilidade econômica, sendo, portanto, o mais utilizado no Brasil. Porém, é preciso tomar alguns cuidados técnicos para a sua utilização, como época de aplicação, dose recomendada, seletividade, características físico-químicas, etc. Sendo assim, o produtor deve estar atento para o uso adequado, principalmente, em condições de pós emergência da cultura de feijão.

Os herbicidas seletivos aplicados em pós emergência da cultura de feijão, são recomendados em estádios fenológicos iniciais das plantas daninhas (máximo 4 a 6 folhas verdadeiras para as folhas largas e 1 a 2 perfilhos para as gramíneas). Dependendo do herbicida para feijão, é necessária a adição de um adjuvante para melhor controle da planta daninha, principalmente para os herbicidas de contato, porém é importante também considerar a seletividade para a cultura. Também vale ressaltar que para o sucesso do herbicida pós emergente que algumas etapas para atingir o sítio de ação do produto seja seguida.

Primeiro é necessário que o produto atinja o alvo, onde deve ter boa cobertura da superfície foliar das plantas alvo, em seguida ser retido pela superfície foliar, para em seguida ser absorvido através da cutícula foliar. Os fatores ambientais como umidade relativa do ar, temperatura do ar, luminosidade, incidência de chuva e vento no momento da aplicação, também afetam a absorção dos herbicidas, ou seja, a sua passagem pela cutícula e pela parede celular, membrana celular, até atingir o sítio de ação.

As moléculas herbicidas seletivas recomendadas para a cultura de feijão em condições de pós emergência no controle de gramíneas e/ou folhas largas, estão listados na Tabela 1. Estes herbicidas requerem plantas daninhas com vigor vegetativo no momento da aplicação, para a maior absorção e translocação nas plantas. Para o conhecimento das doses, espécies de plantas daninhas suscetíveis, métodos e cuidados na aplicação de cada molécula, é necessário consultar um(a) Engenheiro(a) Agrônomo(a), bem como a bula de cada produto.

No entanto, é importante lembrar que a estratégia de controle das plantas daninhas deve associar o melhor método ao seu momento oportuno. Deve-se utilizar a associação de métodos de manejo, sempre que possível, objetivando manter as populações abaixo do nível de dano econômico e com o mínimo de impacto ambiental. A utilização de um único método de controle por anos consecutivos pode acarretar sérios problemas na área, principalmente a seleção de plantas daninhas resistentes. Desta forma, o agricultor deve manejar as plantas daninhas de forma a obter o máximo de benefícios para a cultura de feijão e para o meio ambiente.

Fonte do texto:

Borchartt, L.; Jakelaitis, A.; Valadão, F.C.A.; Venturoso, L.A.C.; Santos, C.L. Períodos de interferência de plantas daninhas na cultura do feijoeiro-comum (Phaseolus vulgaris L.). Revista Ciência Agronômica, v. 42, n. 3, p. 725-734, 2011.

Cobucci T.; Di Stefano J.G.; Kluthcouski J. Manejo de plantas daninhas na cultura do feijoeiro em plantio direto. Embrapa Arroz e Feijão, 199. 57p. (Embrapa Arroz e Feijão. Circular Técnica, 35).

Procópio, S.O.; Santos, J.B.; Silva, A.A.; Martinez, C.A.; Werlang, R.C. Características fisiológicas das culturas de soja e feijão e de três espécies de plantas daninhas. Planta daninha, v.22, n.2, p. 211-216, 2004.

Salgado, T.P.; Salles, M.S.; Martins, J.V.F.; Alves, P.L.C.A. Interferência das plantas daninhas no feijoeiro carioca. Planta Daninha, v. 25, n. 3, p. 443-448, 2007.

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