Agricultura
Controle de plantas daninhas em pós-emergência do feijão | BASF
Aumente a produtividade da sua lavoura de feijão (Phaseolus vulgaris) com um controle adequado de plantas daninhas. Leia sobre abaixo.
Renan Umburanas - ESALQ / USP
O feijão comum (Phaseolus vulgaris) é a espécie mais cultivada no mundo e é um alimento elementar em diversos países. A cultura de feijão tem um crescimento lento comparado as plantas daninhas, sistema radicular superficial e reduzido porte da planta.
Por que é importante controlar plantas daninhas?
As plantas daninhas competem pela água, luz, espaço e nutrientes. A presença de plantas daninhas pode aumentar a umidade dentro do dossel, reduzir o fluxo de ar, o que favorece o desenvolvimento de algumas doenças na cultura (Waters, and Morishita, 2001). Além disso, podem ser hospedeiras de insetos, pragas, e doenças que podem reduzir a produtividade da cultura de interesse. Alguns exemplos de plantas daninhas estão presentes na Tabela 1.
A competição com plantas daninhas ao longo do ciclo pode reduzir a produtividade na lavoura do feijão em 85% (Pynenburg et al. 2011), bem como pode reduzir a qualidade e o tamanho do grão, da planta e da vagem (CIAT et al., 1989).
A planta de feijão deve estar livre da interferência de plantas daninhas entre os estádios V4 (terceira folha trifoliada aberta) e R6 (floração) (Figura 1) (KOZLOWSKI et al., 2002).
O feijão cultivado no período das águas (primavera/verão), com maior disponibilidade hídrica e temperatura média mais alta, estará mais sujeito a competição com plantas daninhas C4, que tem crescimento favorecido nestas condições.
Para não perder produtividade e rentabilidade, é necessário manter populações de plantas daninhas abaixo do nível que induz perdas econômicas e impacto ambiental.
Estratégias de controle
Existem várias estratégias de controle de plantas daninhas no feijoeiro e o modo mais eficiente é realizar a integração dos métodos de controle elencadas a seguir:
- 1. Preventivo: evitar a introdução de novas plantas daninhas na área. Isso pode ser realizado com a utilização de sementes certificadas (sementes sadias e livres de impurezas), limpeza de máquinas, principalmente daquelas que trafegaram em outras áreas agrícolas.
- 2. Cultural: corresponde as estratégias de manejo que contribuem para mitigar a ocorrência de plantas daninhas.
Algumas estratégias de manejo cultural estão elencadas a seguir:
- 2.1 Plantio direto: barreira física para o desenvolvimento de plantas daninhas;
- 2.2 Semeadura: realizar semeadura logo após dessecação (aplicação de herbicida pré emergência);
- 2.3 Uniformidade de semeadura: reduz penetração de luz abaixo do dossel, restringe germinação e o crescimento de plantas daninhas (Dusabumuremyi et al., 2014). Na semeadura uniforme a competição intra-especifica (entre as plantas de feijão) é menor, porém a competição interespecífica (entre plantas de feijão e as plantas daninhas) é maior, pela maior sombra causada pela cultura (Weiner et al., 2010);
- 2.4 Arranjo espacial: espaçamento e densidade de plantas recomendado para o cultivar. Utilizar cultivar recomendado para a região, que proporcione rápido fechamento de entre linhas e, por consequência, aumente a competitividade da cultura contra as plantas daninhas;
- 2.5 Irrigação: em cultivos irrigados, a água de irrigação deve ser livre de sementes de plantas daninhas;
- 3. Mecânico: basicamente representado pela capina manual e com uso de cultivadores;
- A capina manual é um método bastante eficiente, porém torna-se inviável em agricultura de médio e grande porte;
- O cultivo mecânico usando cultivadores pode ser tracionado por animal ou trator, e deve ser realizado quando o solo apresenta pouca umidade, aprofunda-se a enxada em medida suficiente para arranquio das plantas daninhas. Entretanto, esse método vai contra os princípios de plantio direto e a operação torna-se difícil em área com acúmulo de palha na superfície, além de possivelmente causar danos à cultura.
- 4. Químico (Herbicida): o controle químico de plantas daninhas é predominante e o mais efetivo na cultura do feijão. Existem vários ingredientes ativos (i.a.) registrados para a cultura (Tabela 2). A finalidade do i.a. do herbicida é específica para momentos de aplicação (pré-semeadura, pós-semeadura e dessecação), bem como a planta daninha alvo, manejo de resistência de plantas daninhas, entre outros.
Alguns pontos devem ser considerados:
- Plantas daninhas jovens são mais fáceis de controlar, porque melhor absorvem e translocam o herbicida.
- A efetividade do herbicida pode ser menor em períodos de estresse hídrico.
- Agricultor, para a melhor tomada de decisão do i.a. a ser utilizado é necessário o acompanhamento técnico por um Eng. Agrônomo.
Agricultor, considere o manejo integrado das estratégias de controle de plantas daninhas, bem como rotação de i.a. de herbicidas, isso é importante para evitar seleção de plantas daninhas resistentes.
Referências
CIAT (1989). Allen, DJ, Dessert M, Trutmann P, and Vass J. Common bean in Africa and their constraints.1-32p. In: Schwartz H. F. and Pastor-Corrales. Bean production constraints in the tropics, 2nd edition. CIAT, Cali, Colombia.
EMBRAPA (2018). Conhecendo a fenologia do feijoeiro e seus aspectos fitotécnicos. Embrapa Arroz e Feijão-Livro técnico (INFOTECA-E).
PYNENBURG, G. M. et al. The interaction of annual weed and white mold management systems for dry bean production in Canada. Can. J. Plant Sci., v. 91, n. 3, p. 587-598, 2011.
DUSABUMUREMYI, P. et al. Narrow row planting increases yield and suppresses weeds in common bean (Phaseolus vulgaris L.) in a semi-arid agro-ecology of Nyagatare, Rwanda. Crop Protect., v. 64, n. 1, p. 13-18, 2014.
WEINER, J. et al. Evolutionary Agroecology: the potential for cooperative, high density, weed-suppressing cereals. Evol. Appl., v. 3, n. 5/6, p. 473-479, 2010.
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