Agricultura

Clima e redução de área irão limitar algodão em Mato Grosso | BASF

Especialistas destacam que clima e redução da área podem fazer com que a safra do estado de Mato Grosso caia até 23% nesta temporada

Branch of cotton plant

O clima pode ser o grande divisor de águas para a safra 2020/2021 de algodão de Mato Grosso. O maior estado produtor do País entra agora na fase mais crítica e espera por chuvas para conseguir um bom desenvolvimento das lavouras tardias.

 

Uma das mais desafiadoras dos últimos anos por conta de questões meteorológicas, a safra deste ano deve, porém, reforçar a visão de qualidade dos produtores brasileiros, capazes de, com excelência no manejo e no uso de tecnologias, encarar as adversidades climáticas na busca de bons resultados no campo.

 

Com informação, planejamento e decisões assertivas desde o plantio – com recursos como o tratamento de sementes – eles se prepararam adequadamente para um cenário que não era exatamente positivo.

 
Um dos pontos fortes do setor do algodão em Mato Grosso, principal estado produtor de plumas, é sua organização. Os cotonicultores frequentemente adotam decisões tomadas em conjunto.

 

Nesta safra 2020/2021, por exemplo, antes mesmo de saber que o atraso no plantio da soja (1ª safra) retardaria a semeadura da segunda safra (milho e algodão) e que o clima seria um desafio, o setor já havia definido que a área plantada seria menor que no ano anterior.

Motivos

Três motivos principais, segundo o analista de mercado Élcio Bento, embasaram essa posição:

1º - Oferta X Demanda

“Nas duas últimas safras, o Brasil produziu volumes próximos a 3 milhões de toneladas. Com o consumo achatado em função do baixo crescimento econômico (devido à pandemia de coronavírus), mesmo tendo exportado volumes recordes, os estoques cresceram. Com isso, muitos produtores pensaram em pisar no freio em relação a novas áreas”, segundo Élcio Bento.

2º - Preços da soja e do milho

“O algodão era negociado a bons preços e vinha garantindo margens de lucro satisfatórias. Porém, a soja e o milho eram negociados a preços ótimos e garantiam margem excelentes. Por isso, era normal que ocorresse alguma migração do algodão para os grãos”, conta Bento.

3º - Atraso no plantio

“Em Mato Grosso, a soja atrasou e empurrou o plantio do algodão para fora da janela perfeita de plantio. Com isso, muitos produtores viram no milho uma opção de ciclo mais curto e um custo de produção quase quatro vezes menor que o algodão. Uma alternativa mais atrativa. Esse último fator, além de derrubar a área plantada, gera uma perspectiva de queda de produtividade, já que o algodão estará sob risco na janela deslocada”, afirma o analista.

Levantamentos

Todos os levantamentos sobre a cultura comprovam a leitura do analista, que prevê uma área quase 16% menor neste ano (950 mil hectares em 20/21, contra 1,130 milhão de hectares em 19/20).

Já o levantamento de maio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), aponta que a redução na área do algodão chegará a 17%, passando de 1,166 milhão de hectares do ano passado para quase 968 mil hectares este ano.
 
“Em Mato Grosso, que participa com mais 70% da área total de algodão no país, houve confirmação de redução na área plantada em relação à temporada passada, especialmente em razão da menor janela para o plantio e o risco associado à semeadura fora do período ideal, bem como à alta dos preços pagos pelo milho, gerando assim maior concorrência de área para o algodão na escolha da cultura de sucessão à soja de primeira safra”, afirma a entidade.
 
Já a estimativa realizada pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) ficou com um percentual entre as duas projeções já citadas. Para a entidade, o estado plantou 942 mil hectares em 2021, ante os 1,132 milhão de hectares de 2020, queda de 16, 7%.
 
“A safra de algodão, conforme já vínhamos falando, terá uma redução na área cultivada. Isso por conta de vendas travadas, indefinição no cenário da covid e os preços atuais que não favorecem a cultura”, reitera o gestor técnico da entidade, Cleiton Gauer.

Atenção com o clima

Com o atraso no plantio da cultura, já citado por todos, o clima se tornou um ponto de atenção, ainda mais neste momento em que as lavouras de algodão entram em uma fase crítica de desenvolvimento.

 

“Por conta deste atraso por falta de chuvas na primeira safra, esperava-se que as instabilidades se alongassem também, mas isso não está acontecendo e algumas regiões estão bastante secas, principalmente no Sudeste. Mas como a safra ainda está acontecendo, temos que observar principalmente as lavouras instaladas mais tardiamente, que devem se consolidar nesta primeira quinzena de maio”, diz Gauer, do Imea.
 
Para a Conab, a preocupação da entidade estadual está correta, já que as lavouras se dividem entre maturação para o algodão de primeira safra e de formação de maçãs para o algodão de segunda safra.
 
“As condições climáticas ainda apresentam oscilações, especialmente em relação às chuvas, que, nesse período do ano, são mais escassas nas grandes regiões cotonicultoras do País. Existe a preocupação de necessidade de um possível aporte hídrico para garantir a manutenção das lavouras em condições positivas, principalmente, para as lavouras mais tardias. Caso contrário, poderá haver alguma redução na produtividade média”, afirma a Conab.

Com o clima desfavorável, manter os níveis de produtividade exige ainda mais dos cotonicultores. Considerando as condições observadas em todas as fases da cultura até o momento, pode-se dizer que eles fizeram um bom trabalho. A escolha de sementes com tratamento adequado, por exemplo, pode ser um diferencial relevante.

 

Segundo Silvia Chini, consultora de marketing da área de tratamento de sementes da BASF, este tipo de manejo, mais associado à proteção contra pragas e doenças, promove o desenvolvimento das raízes e a parte aérea na fase de plântula. Na atual fase da cultura (maturação e enchimento de maçãs), o tratamento de sementes não tem um impacto ou influência direta, mas os efeitos acumulados no início do ciclo podem sim trazer efeitos positivos.

“Indiretamente, considerando o desenvolvimento de raízes e da parte aérea na fase das plântulas, o algodão que teve esse manejo com produtos que agem fisiologicamente pode ter uma vantagem competitiva, com maior tolerância aos estresses frente às plantas que tiveram o tratamento de sementes com produtos menos efetivos na promoção de crescimento”, diz Silvia.

Projeções para a safra

As projeções indicam reduções nos volumes de plumas colhidos por hectares, mas em um nível mais satisfatório do que se poderia esperar em função das adversidades enfrentadas.

 

A Conab, por exemplo, estima uma queda de 1,8% na produtividade média das lavouras de Mato Grosso. Para o Imea, o impacto pode ser um pouco maior, com redução em torno de 8%.

 

Somando-se redução de área com quebra na produtividade, a Conab avalia um recuo de 18,5% na colheita, chegando a 1,710 milhão de toneladas de algodão em pluma, contra os 2,098 milhões de toneladas de 2019/2020.

 

O Imea, por sua vez, estima uma produção de 1,657 milhão de toneladas em 2020/2021. Um resultado ainda relevante, em um ano bastante complexo.

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