Agricultura

Perspectivas de ferrugem asiática na soja para a safra 19/20

Doença pode gerar perda de 10% a 90% da produtividade na lavoura da soja

Thais Dias Martins Pongeluppi - Doutora em Ciências com ênfase em Fitopatologia

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A ferrugem asiática, doença comum na lavoura da soja é uma doença causada por um fungo e pode gerar danos na ordem de 10% a 90%, dependendo da variedade cultivada, do momento e das condições climáticas favoráveis.

As condições climáticas para a incidência da ferrugem asiática, são de temperatura entre 18°C e 26°C e molhamento foliar de ao menos seis horas (ideal entre 12h e 14h), o que indica alta temperatura e alta umidade. Nestas condições, os primeiros sintomas podem começar a ocorrer após aproximadamente cinco dias, como algumas pontuações escurecidas na folha da soja.

A aproximadamente quatro a cinco dias do aparecimento dos primeiros sintomas, começam-se a mostrar as urédias, que são lesões foliares, principalmente na face de baixo das folhas, das quais saem um pó de coloração castanha a marrom-escura, o que lembra a cor de uma ferrugem.

Segundo a EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -, em 2020 já houve registro dos primeiros focos da doença, em maior quantidade em Mato Grosso (17 focos) e no Paraná (18 focos). Mas também já foram registrados focos menores em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Santa Catarina e São Paulo. O estado da cultura que mais apresenta estas incidências é o Rio Grande do Sul e pode-se perceber que a incidência está crescente, desde dezembro de 2019 até a data atual.

Segundo a pesquisadora da EMBRAPA, Dra. Claudia Vieira Godoi, "por conta das chuvas de janeiro, há tendência de aumento do número de registros de ferrugem asiática por haver maior disseminação e condição favorável para infecção do fungo". No entanto, acrescenta a pesquisadora, "embora haja aumento do número de registros, os produtores estão conscientes e têm feito suas aplicações preventivas de fungicidas e suas lavouras estão mais protegidas, o que se entende que não haja epidemias graves de ferrugem futuramente", acrescenta.

A principal diferença entre a safra anterior (2018/2019) e a atual (2019/2020) é que a safra anterior foi atípica. Houve um adiantamento do plantio da soja e, consequentemente, maior incidência da ferrugem inicialmente; no entanto, houve um veranico em dezembro e janeiro, o que desfavoreceu o desenvolvimento da doença no campo. Já neste ano, em 2020, houve atraso de plantio e há grande quantidade de lavouras novas neste momento. Além disso, estamos vivenciando condições favoráveis ao desenvolvimento da ferrugem asiática (chuva e calor). É por isso que, possivelmente, haja mais problemas com a doença nesta safra do que a anterior.

Cuidados para a safra 2019/2020

Os cuidados que os produtores devem ter este ano são um pouco diferentes do ano passado. Em 2020, devem ser usados produtos de alta eficiência principalmente nas lavouras mais atrasadas, onde a soja está mais nova e mais suscetível, e é importante que se adotem juntamente aos fungicidas, aqueles que são multissítios, isto é, que agem em diferentes momentos do metabolismo do fungo simultaneamente e causam menores problemas de resistência do fungo a fungicida. Isto por causa da alta favorabilidade para a doença e maior pressão de inóculo na área. 

Os fungicidas mais eficientes podem ser verificados em publicação da EMBRAPA que avaliou e relatou a eficiência de inúmeros produtos na safra 2018/2019 (GODOY et al., 2019).

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