Agricultura

Manejo eficiente da ferrugem na soja

Saiba quais os principais manejos, locais de ocorrência e a expectativa para safras

Thais Pongeluppi - ESALQ-USP

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A ferrugem asiática da soja é a doença mais impactante da cultura na atualidade, ela é ocasionada por um fungo, Phakopsora pachyrhizi, capaz de causar danos de até 90 % dependendo do local de produção da cultura.

Algumas características fazem deste fungo um patógeno tão importante da soja, entre elas:

Ampla faixa de temperatura favorável para desenvolvimento (15 a 28°C) e molhamento foliar de 6 a 12 horas. Portanto, é capaz de se desenvolver em diferentes estações climáticas no Brasil (Figura 1).

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Figura 1. Mapa de ocorrência da ferrugem asiática no Brasil na safra 2018/2019 (CONSÓRCIO ANTIFERRUGEM, 2019).

Os esporos são leves e fáceis de serem disseminados pelo ar, entre outros tipos de disseminação, o que faz deste patógeno amplamente presente nas áreas produtoras de soja.

Penetração do patógeno diretamente através da cutícula, se diferenciando das outras ferrugens, esta característica faz com que não haja necessidade de abertura de estômatos ou ferimentos para a penetração do patógeno e, portanto, sua infecção é mais eficiente, rápida e fácil que as demais ferrugens.

P. pachyrhizi apresenta uma grande variabilidade patogênica e a possibilidade de uma mesma população apresentar raças.

Por esses motivos, esta doença é foco de intensa preocupação e dedicação ao seu manejo. O manejo da ferrugem está baseado nos métodos genético, químico e cultural.

A resistência genética prioriza variedades com resistência, o que é fundamental quando se planta uma cultura em um ambiente favorável ao desenvolvimento de patógenos. No entanto, a alta variabilidade do patógeno da ferrugem da soja e a presença de raças na área, faz com que esta estratégia seja pouco eficiente.

O controle químico, é um método importante o qual utiliza fungicidas dos grupos triazol, estrobilurina, carboxamida e morfolina. Este método é eficiente e muito importante no manejo da doença, e, por causa da alta variabilidade genética do patógeno, devem ser tomados cuidados para evitar que este patógeno apresente resistência aos fungicidas eficientes.

Em primeiro lugar, em áreas onde há histórico da presença do patógeno deve-se iniciar uma vistoria da lavoura desde o início da safra e, devem ser realizadas aplicações preventivas e com intervalos de 15 dias, não dando oportunidade do patógeno entrar na área e se estabelecer. Portanto, deve ser realizado monitoramento da população do patógeno constantemente, principalmente próximo à época de floração e aplicações preventivas.

Um ponto fundamental para uso de fungicidas, principalmente para fungos com alta variabilidade é a necessidade de um rodízio de produtos, ingredientes ativos, e a utilização das doses recomendadas em bula. O uso sequencial do mesmo ingrediente ativo e doses erradas podem causar a resistência do fungo ao fungicida e, consequentemente, a ineficiência do produto comercial. Outra recomendação para evitar a resistência é a associação de produtos aos fungicidas, como por exemplo, adicionar fungicidas multissítios ou outros protetores ao sistêmico (GRIGOLLI; GRIGOLLI, 2017/2018).

Quanto ao controle cultural, um dos mais importantes para a soja é o “vazio sanitário”, que é o período de 60 dias sem a cultura e plantas voluntárias no campo. Como a ferrugem é causada por um fungo biotrófico, e que não consegue sobreviver sem seus hospedeiros vivos, ele acaba morrendo. Portanto, o “vazio sanitário” visa reduzir a sobrevivência do fungo causador da ferrugem asiática durante a entressafra e, assim, atrasar a ocorrência da doença na safra. A Tabela 1 representa como o vazio sanitário deve ser realizado.

Tabela 1. Períodos de “vazio sanitário” (EMBRAPA SOJA, 2019).

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Uma outra ação importante é a calendarização da semeadura da soja, ou seja, a determinação da data limite para semear a soja na safra. Esta medida tem como objetivo reduzir o número de aplicações de fungicidas ao longo da safra e reduzir a pressão de seleção de resistência do fungo aos fungicidas. Os estados que devem obedecer a este calendário por lei são: Goiás, Mato Grosso, paraná, Santa Catarina, Tocantins, Bahia e Mato Gresso do Sul. E podemos verificar na Tabela 2 como deve ser realizado.

Tabela 2. Calendarização da semeadura da soja.

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Fonte Texto:

GRIGOLLI; GRIGOLLI, 2017/2018

CONSORCIO ANTIFERRUGEM, 2019.

 

Fonte Imagem:

EMBRAPA SOJA, 2019

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