Agricultura

Você sabia que a latitude influencia na produtividade de cultivares de soja?

A elevada produtividade da cultura da soja está relacionada ao posicionamento de seus cultivares em função da latitude. Leia mais.

Juliana Rodrigues - ESALQ / USP

Plantação de soja BASF Brasil

Atualmente, a soja é cultivada em todas as regiões do Brasil. Porém, para que esta oleaginosa muito sensível ao fotoperíodo pudesse alcançar elevados níveis de produtividade em um país de extensão continental como o Brasil, houve a necessidade do desenvolvimento por meio do melhoramento genético de cultivares adaptadas a cada região em função da latitude.

Posicionamento de cultivares de soja em função da latitude

Para facilitar o entendimento do posicionamento de cultivares de soja em função da latitude por parte de técnicos e agricultores foram criados os grupos de maturidade relativa, que indicam a faixa de latitude em que um cultivar está adaptado e apresenta maior estabilidade produtiva.

Existem 13 grupos de maturidade relativa no mundo designados 000, 00, 0 e 1 a 10. Os cultivares do grupo de maturidade 000, 00, 0 são cultivados em regiões de altas latitudes, como o sul do Canadá e o norte dos Estados Unidos. No Brasil, os cultivares de soja estão distribuídas nos grupos de maturidade de 5, no Rio Grande do Sul, a 10, nas regiões próximas a linha do Equador (Figura 1).

grupos-de-maturidade-relativa-na-soja.jpeg
Figura 1. Grupos de maturação relativa de cultivares de soja no Brasil, em função da latitude. Fonte: Adaptado de Alliprandini et al. (2009)

Além disso, estes cultivares podem ser classificadas conforme o seu ciclo total, como superprecoce, precoce, semiprecoce, médio, semitardio e tardio. A indicação de um cultivar de acordo com a duração do ciclo total só é válida dentro da faixa de adaptação, pois quando se altera a latitude, o ciclo é modificado e, consequentemente, a produtividade.

Como o melhoramento genético conseguiu desenvolver essa variedade de cultivares?

A indução floral da soja é influenciada diretamente pelo fotoperíodo (comprimento do dia), ou mais especificamente, pelo nictoperíodo (comprimento da noite), devido ao acúmulo do fitocromo P660 (indutor ao florescimento), além de depender do fotoperíodo crítico.

Em cultivares de soja que apresentam período juvenil curto, a percepção fotoperiódica ocorre a partir do estádio V1 conforme a escala fenológica de Fehr e Caviness (1977) (Figura 2), e o florescimento começa entre os estádios V3 e V4; estes cultivares estão presentes mais ao sul do Brasil.

estagios-fenologicos-da-soja.jpeg
Figura 2. Estádios fenológicos da soja conforme a escala fenológica de Fehr e Caviness (1977). Adaptado de Lifetimeins-comfrey.

Nos cultivares que apresentam período juvenil longo, a percepção fotoperiódica ocorre a partir do estádio V5 e V7. O atraso nessa percepção foi possível devido ao desenvolvimento de cultivares com essa característica por meio do melhoramento genético, possibilitando que esses cultivares atinjam altura adequada em ampla época de semeadura, antes de iniciar o florescimento; esses cultivares estão presentes nas regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil.

O posicionamento errado pode levar ao florescimento precoce ou alongamento excessivo do estádio vegetativo. Um exemplo prático é que, às vezes, as plantas de soja cultivadas próximo a postes nas fazendas não florescem por causa do fotoperiodo "artificial".

Por isso produtor, fique atento ao posicionamento de cultivares de soja em função da latitude para a tomada de decisão. 

Leia mais:

Conheça as soluções da BASF para este cultivo: