Agricultura
Monitoramento e controle de pragas da maçã | BASF
Entenda mais sobre o controle de pragas na cultura de maçã.
Fernando Filho - ESALQ-USP
O cultivo de maçã se dá principalmente no sul do país, onde há pomares comerciais não apenas de macieiras, mas também outras frutíferas de clima temperado. Neste ambiente, diversas pragas se encontram presentes como grafolita, ácaro-vermelho, lagarta-enroladeira e mosca-das-frutas.
A mosca-das-frutas (Anastrepha fraterculus) é a principal praga da fruticultura de clima temperado, e a sua fase larval a principal causadora de danos. As larvas se desenvolvem no interior dos frutos formando galerias e deixando o fruto impróprio para consumo (Figura). Portanto, baixos níveis populacionais acarretam altos danos à cultura, sendo seu nível de controle 0,5 moscas por armadilha de monitoramento (uma armadilha a cada 2 hectares). No entanto, por estarem protegidas pelo fruto, há grande dificuldade de controle da praga.
No passado, utilizavam-se amplamente organofosforados para seu controle, entretanto este grupo de inseticidas vem sendo banido em diversos países, inclusive aqueles que importam maçãs brasileiras, sendo seu uso não mais recomendado. Desta forma, novas tecnologias foram desenvolvidas para o controle dessa praga, como a captura massal, que consiste em distribuir pelo pomar armadilhas contendo soluções atrativas para adultos de mosca-das-frutas, os quais ficam presos e morrem por afogamento; ou iscas tóxicas, compostas por um atrativo alimentar e um inseticida, cuja função é atrair as moscas-das-frutas adultas, as quais consomem o atrativo alimentar e morrem por ação do inseticida (técnica atrai-e-mata). Atualmente, estudos relacionados à utilização de controle biológico com parasitoides também vêm sendo desenvolvidos, buscando uma produção mais sustentável e viável.
Outra praga de grande importância é a grafolita (Grafolita molesta), também conhecida como mariposa oriental. As lagartas atacam os ponteiros das plantas e frutos, podendo ocorrer desde a frutificação até a colheita. O monitoramento é feito semanalmente por meio de feromônio sexual sintético, utilizando-se uma armadilha a cada 5 hectares, sendo que a troca do feromônio deve ser realizada a cada 30 dias. Por ser feromônio sexual, apenas machos são capturados, e o nível de controle se dá com 20 insetos capturados por armadilha. Assim como para mosca-das-frutas, a pulverização com inseticidas era o principal método de controle, porém atualmente alternativas como a técnica do atrai-e-mata e feromônios de confusão sexual vêm sendo adotados.
Já para o ácaro-vermelho (Panonychus ulmi), o monitoramento do pomar é realizado por meio da contagem do número de ácaros por folha (oito a dez folhas por planta em 1% das plantas do pomar, considerando uma densidade média de 1000 plantas por hectare). O nível de controle ocorre com três a cinco ácaros por folha.
Para a lagarta-enroladeira (Bonagota cranaodes), o monitoramento é feito com feromônio sexual em armadilha delta, uma a cada 5 hectares, avaliadas duas vezes por semana. Medidas de controle devem ser tomadas ao se atingir uma média de 20 machos por armadilha por semana.
Tanto para o acaro-vermelho, quanto para a lagarta-enroladeira, o controle químico é ainda o mais utilizado, realizando-se pulverizações de cobertura, sendo que o produtor deve dar preferência a produtos seletivos aos inimigos naturais, buscando manter o equilíbrio ecológico na área, evitando desta forma surtos populacionais de pragas no pomar.
Podemos ver que o monitoramento, assim como para outras culturas, é a prática chave para pomares de maçãs. Esta medida é ainda mais relevante devido ao consumo in natura da fruta, visando, desta forma, utilizar menos produtos químicos e garantir benefícios para a saúde humana e o meio ambiente.