Agricultura
Como calcular o espaçamento entre as macieiras por hectare? | BASF
A definição do espaçamento entre as macieiras em um hectare de terra varia de acordo com o sistema de condução adotado no pomar, com o vigor do porta-enxerto e com a cultivar escolhida.
Sendo assim, o primeiro passo para estabelecer um espaçamento entre as plantas na plantação de maçãs é estipular o sistema de plantio que será adotado. Por isso, é importante que o produtor saiba o que quer em seu pomar e como quer conduzi-lo.
Para uma melhor compreensão, continue a leitura e verifique quais são os sistemas de condução mais utilizados entre os produtores de maçãs e qual o espaçamento ideal em cada um desses métodos.
Sistemas de condução para empregar nos pomares
O diretor técnico e de qualidade da Associação Brasileira dos Produtores de Maçã (ABPM), Ivanir Leopoldo Dalanhol, explica que o espaçamento depende muito do sistema que será conduzido no pomar.
Segundo ele, com os inúmeros sistemas modernos disponíveis no mercado para plantio de maçã, hoje é possível trabalhar com espaçamentos de, em média, 3 metros entre linhas por 1 metro em plantas — situação bastante diferente do passado, em que os pomares eram plantados com macieiras mais afastadas, chegando a ter 6 metros entre linhas e 3 metros entre plantas.
“Hoje é possível trabalharmos com 3,5 metros entre as linhas por 1 metro entre as plantas e obter 2.857 plantas por hectare. Já em um sistema bidimensional, por exemplo, que é 3,5 metros por 1,5 metro, tem-se 1.904 plantas por hectare. E no sistema multilíder, que é 3 metros por 1,5 metro, é possível chegar a 2.083 plantas por hectare”, exemplifica.
Como ele explica, os sistemas de condução de pomar têm como objetivo dar ao produtor o direcionamento ideal dos ramos das macieiras, a fim de que alcancem um crescimento capaz de formar frutos de alta produtividade e qualidade.
A escolha de um dos sistemas de condução varia conforme o porta-enxerto utilizado, a estrutura do solo e o tipo de cultivar adotada. Todos esses fatores são definidos conforme a intenção do produtor.
Sistema de condução mais denso ou mais espaçado?
Segundo o representante da ABPM, quanto mais denso um pomar, ou seja, quanto mais próximas as copas das macieiras e mais mudas por hectare, maior a produtividade das frutas e menor o tempo de colheita das maçãs.
Além disso, também se obtém maior eficiência dos tratamentos fitossanitários e menores custos com mão de obra, uma vez que as macieiras apresentam um porte menor.
Porém, em contrapartida, os pomares com alta densidade são os que mais exigem investimentos financeiros. Isso porque, neste caso, são necessárias mais mudas por hectare.
“Com um pomar denso, a partir do segundo ou terceiro ano de plantio, o produtor já começa a colher. Agora, com o plantio mais distante e com um porta-enxerto mais vigoroso, a macieira demora mais para entrar em produção porque precisa fechar o dossel da planta e aí, demora um pouco mais para ter a produção normal do pomar”, explica Dalanhol.
Sendo assim, para alcançar a alta produtividade, é imprescindível escolher um sistema de condução que se adeque às condições da região de plantio.
Sistemas de condução mais utilizados na cultura
ONo sul do país, por exemplo, conforme dados da Embrapa, o sistema mais utilizado é o líder central. Esse sistema é caracterizado pela formação de um eixo central do qual saem todos os ramos que atingem uma forma cônica, com diversas camadas de ramos.
Segundo Dalanhol, na região de São Joaquim, em Santa Catarina, a maioria dos produtores utiliza o líder central, em que é utilizado o porta-enxerto Marubakaido, com plantas mais vigorosas.
Há também um sistema de condução Spindle, que, por ser intermediário, é destinado para uma planta de vigor mediano. “Ele permite plantar tanto em um espaçamento de 4,5 metros por 1,5 metro, quanto em 4 metros por 1 metro ou 3,5 metros por 50 cm.”
Além desses dois exemplos, há também os sistemas de condução mais adensados, como o Vetrélis, que funciona melhor com mais mudas e, por isso, é mais produtivo. Porém, tem um custo bem mais alto para ser implantado.
Escolhendo o porta-enxerto ideal
Antes de definir qual o porta-enxerto, o produtor precisa levar em conta as condições do terreno de plantio. Caso o pomar esteja localizado em uma área com muitos aclives e pedras, o pomar não poderá ser muito denso.
Isso porque é necessário deixar um espaço viável para que o trator, e até mesmo o produtor, consiga passar entre as plantas com mais facilidade, seja para aplicar alguns corretores, seja para fazer a colheita.
Porta-enxertos disponíveis no mercado
A escolha do porta-enxerto adequado é fundamental para garantir o sucesso da cultura, uma vez que promove frutos com alta produtividade e, quando utilizado da maneira correta, contribui para o combate de doenças e pragas no pomar.
Existem no mercado alguns porta-enxertos bastantes comuns, que trabalham com a formação de pomares mais adensados. Veja quais são os mais utilizados:
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Marubakaido: porta-enxerto que precisa de um maior espaçamento para ser plantado, pois quando cresce acaba fechando toda a estrutura da planta da mesma forma que os outros. O Marubakaido puro acaba demorando mais para começar a dar frutos do que outros porta-enxertos.
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Marubakaido com interenxerto de EM-9: nesse caso, o Marubakaido serve como um interenxerto do EM-9, que depois recebe o enxerto da copa, que é a variedade produtora. Com essa técnica, há precocidade de frutificação, altas produções e excelente qualidade da fruta.
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EM-9 puro: porta-enxerto bem leve que é utilizado muito pouco. Porém, quando utilizado, precisa ser plantado bem próximo, cerca de 3 metros por 40 centímetros. Isso acontece porque é um sistema bem adensado.
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CG: porta-enxerto mais moderno, que tem disponível no mercado um exemplar mais vigoroso, um médio e outro mais fraco, do qual o produtor pode optar qual que vai usar, segundo a sua necessidade.
Conforme o diretor técnico e de qualidade da ABPM, a escolha do porta-enxerto é feita a partir do que o produtor quer: uma plantação mais densa, com produção precoce, ou um ambiente mais espaçado para facilitar a circulação, e até mesmo a colheita.