Agricultura

Importância do controle de doenças do feijão - Antracnose

Abaixo falaremos sobre a Antracnose do Feijoeiro, uma das mais importantes doenças que acometem o feijão.

Thais Pongeluppi - Doutora em Ciências

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Quem trabalha com agricultura, ou até simplesmente que foi à quitanda, pode ter percebido a ocorrência de manchas pretas deprimidas em vagens. Esta é possivelmente a mesma doença que estamos falando que ocorre na cultura do feijão, que faz parte de nossa base alimentar, ela pode causar até 100% de danos sob determinadas condições climáticas e alta suscetibilidade de cultivares. Isto é, um produtor de feijão pode perder toda sua produção por causa de um fungo chamado Colletotrichum lindemuthianum (Glomerella cingulata).

*Apenas como observação, muitas vezes colocamos dois nomes aos fungos por possuírem duas fases, sexuada e assexuada. Neste caso, como a aparência do fungo muda muito de uma fase para outra, damos nomes diferentes. Mas isso é apenas um parêntese para melhor entendimento.

A antracnose é uma doença que pode ocorrer em condições de temperatura baixa a moderada (de 13 a 27 °C) e alta umidade (acima de 91%) e, por isso pode ser mais severa em condições temperadas a subtropicais.

O sintoma da doença ocorre normalmente 6 dias após a infecção e pode ser observado em toda a parte aérea da planta. Os sintomas típicos da doença são lesões necróticas de coloração marrom-escura nas nervuras na face inferior da folha. Estas lesões muitas vezes podem ser identificadas também na parte superior das folhas, com halo amarelado; assim como estender-se ao limbo foliar, dependendo da severidade (Figura 1). Lesões podem ser produzidas também no caule, pecíolos e nas vagens. Quando ocorre nas vagens, as lesões são circulares, deprimidas, de coloração marrom, com bordos escuros e salientes, circundado por um anel pardo-avermelhado.

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Figura 1. Sintoma de Antracnose em vagens e folhas de feijão (EMBRAPA, 2018).

O controle de doenças fúngicas é realizado principalmente pelo uso de semente de boa qualidade fitossanitária, eliminação de restos culturais que podem servir de fonte de inóculo para novos plantios, uso de variedades resistentes, eliminação de plantas voluntárias hospedeiras, rotação de cultura e controle químico. Para antracnose, o controle não foge desta regra, sendo o uso de sementes livres do patógeno uma medida a ser salientada, já que existe alta transmissão do fungo da semente para a plântula. Caso a condição climática seja muito favorável para o desenvolvimento do patógeno, a semente infectada pode ser o início de uma epidemia na área.

Há trabalhos que mostram a também a importância de resistência genética para o controle da antracnose, já que na população do fungo causador há alta variabilidade e existência de raças fisiológicas (GONÇALVES- VIDIGAL et al., 2008).

Quanto ao controle químico Sartorato (2006) relata a alta sensibilidade de C. lindemuthianum a difenoconazole, piraclostrobina + propiconazole e fluazinam. Assim como relata a baixa sensibilidade ao tiofanato metílico. Já Kozlowski et al. (2009) relata que a piraclostrobina apresenta significativo controle do patógeno, além de, maior rendimento de grãos, e que, quando realizadas duas aplicações, pode gerar um efeito fisiológico, apresentando maior número de vagens por planta e maior taxa de aumento da área foliar.

O plantio consecutivo de feijão na lavoura deve ser evitado ao máximo, ainda mais porque C. lindemuthianum pode sobreviver em restos culturais. Portanto rotação de cultura por no mínimo um ano deve ser adotada com culturas não hospedeiras, como gramíneas, por exemplo.

Portanto, resumindo este post, quando pensamos em manejo Antracnose em feijão:

·        Antracnose é uma doença frequente e que sob condições favoráveis pode inviabilizar a produção de feijão.

·        Deve-se sempre utilizar sementes sadias e tratadas;

·        Eliminar de restos culturais e plantas voluntárias hospedeiras;

·        Fazer rotação de cultura com cultura não hospedeira;

·        Utilizar o controle químico como parte do manejo, assim como a resistência genética.

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