Agricultura

Controle de Cercosporiose na cultura do amendoim (Mancha Preta e Castanha)

O verão é uma estação climática favorável para diversas doenças fúngicas foliares pois propiciam condições de calor e umidade em abundância.

Thais Pongeluppi - Doutora em Ciências com ênfase em Fitopatologia

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Dentre as doenças favorecidas por este clima estão as manchas preta e castanha do amendoim, também chamadas de cercosporioses.

Quando pensamos na cultura do amendoim, cercosporioses são as doenças “top of mind”. E nos lembramos daquelas manchinhas escuras que muitas vezes não sabemos diferenciar qual é a preta e qual é a castanha.

A mancha castanha é causada por Cercospora arachidicola, e a preta, por Cercosporidium personatum. Além da cor, estas doenças se diferenciam pela mancha castanha ser um pouco maior, de bordos irregulares e halo amarelado nítido, com as frutificações do patógeno na superfície superior da folha. Já a mancha preta é menor, mais arredondada, com ausência de halo amarelado ou imperceptível, e esporulação normalmente na face inferior da folha (Figura 1). Estas doenças são mais comuns nas folhas, mas podem aparecer em outros órgãos da planta, como no caule, pecíolo e vagem, entre outros.

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Figura 1. Sintoma de mancha castanha (A) e mancha preta (B) em folhas de amendoim (EMBRAPA, 2018).

Nas folhas normalmente os folíolos mais velhos apresentam a doença primeiro, e posteriormente os mais jovens. E assim como toda doença de folha, a cercosporiose diminui a área fotossintética e afeta a produção da planta. Também é capaz de causar desfolha, e quando isso ocorre antes dos 90 dias de idade da planta pode causar danos que chagam a 50% da produção (KIMATI et al, 2005).

As condições climáticas que favorecem as cercosporioses são, temperatura de 16 a 25 °C e alta umidade relativa (>95%) para mancha castanha; e 20 a 26 °C e mais de 10 horas de molhamento foliar para mancha preta (ALDERMAN; BEUTE, 1986).

Uma característica importante destes dois fungos é que são capazes de sobreviver em restos culturais, e esta informação é fundamental no momento de traçar estratégias de manejo. E desta forma, uma das formas importantes de controle é a eliminação de restos culturais do campo.

A rotação de cultura também é uma importante prática de controle, podendo ser feita com qualquer cultura que não hospede doenças do amendoim, normalmente todas que não sejam do gênero Arachis.

Os cultivares resistentes também devem ser utilizados, o que pode deixar o desenvolvimento das doenças mais lento. Como dizemos na Universidade, aumenta o período de latência, diminui a esporulação do fungo e diminui, consequentemente, a desfolhação.

No entanto, o controle químico é o mais eficiente, e entre grupos de fungicidas que podem ser utilizados estão chlorothalonil, triazóis, estrobilurinas e misturas destes produtos. Os intervalos de aplicação podem variar em cerca de 15 dias com 40-45 dias após a semeadura.

E para lembrarmos, os sistemas de previsão podem colaborar para que não sejam feitas aplicações fungicidas desnecessárias. Considerando as condições climáticas, existem sistemas de previsão para mancha parda e preta que mostram quando o agricultor deve fazer a aplicação do produto químico.

Portanto, para finalizar este post, podemos ressaltar:

- A mancha castanha e a preta do amendoim são chamadas de Cercosporiose.

- Cercosporioses são doenças comuns e importantes que causam desfolha no amendoim.

- Quanto mais favorável o clima e mais suscetível uma variedade, maior a desfolhação.

- O controle deve integrar rotação de cultura, eliminação de restos culturais, cultivares resistentes e controle químico.

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