Agricultura

PR, SP e MS abrem colheita nacional de algodão | BASF

Mercado da fibra vive momento positivo, com crescimento da demanda e preços remuneradores para o produtor

Foi dada a largada na colheita da safra 20/21 de algodão. Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul saíram na frente. Os outros estados produtores só iniciam os trabalhos entre junho e julho. Entre eles, Mato Grosso e Bahia, os maiores produtores nacionais da fibra.

 

As máquinas vão ao campo em meio a uma expectativa positiva, apesar de apontar para números finais menores no volume. Isso acontece devido à reação nos preços das plumas conseguiu inserir ânimo ao final de uma safra complicada.

 

A estimativa é de uma produção 20% menor neste ciclo, cerca de 2,41 milhões de toneladas de algodão em pluma. O motivo para esta queda é a diminuição da área plantada no País, que também diminuiu 17% e alcançou pouco mais de 1,35 milhão de hectares.

 

O ano que passou foi desafiador para a cotonicultura brasileira. O setor viu a demanda mundial pela fibra cair de 26 milhões de toneladas para 22 milhões, reflexo da crise provocada pela pandemia da Covid-19.

 

Além disso, outras culturas estavam mais rentáveis, como a soja e o milho. Fatores como estes influenciaram a tomada de decisão dos produtores no momento da semeadura. 

 

O cenário agora é completamente diferente. "No momento do plantio os preços estavam abaixo do custo de produção. Agora o mercado retomou. A demanda voltou quase ao patamar normal", disse o presidente da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), Júlio Cézar Busato.

 

Com a procura em alta e os preços em excelente patamar, os produtores estão otimistas. "Com a valorização que houve da pluma e do caroço, a gente acredita que quem optou pelo plantio da cultura possa ter um bom resultado", conta o presidente da Appa (Associação Paulista dos Produtores de Algodão), Peter Derks.

 

O estado, que está em plena colheita, plantou 4,7 mil hectares e deve registrar produtividade média de 280 arrobas por hectare.

 

Exportações x Consumo doméstico  

 

Cerca de 80% de tudo que vai ser colhido no País já foram comercializados. Mas há um detalhe importante: pelo menos 60% foram vendidos abaixo de 65 centavos de dólar por libra peso, valor inferior aos preços praticados agora, que variam entre 84 e 90 centavos de dólar, segundo dados da Abrapa.

 

Só em abril, as exportações brasileiras de algodão totalizaram 176.995 toneladas, 95% a mais que o embarcado no mesmo período de 2020.

 

A China, com 32%, e o Vietnã, com 16%, lideram o ranking de compradores da pluma brasileira. Com crescimento de 10%, a demanda mundial está estimada em 24,9 milhões de toneladas no ciclo 20/21, no momento em que se espera uma redução de 6,5% na produção mundial.

 

O cenário positivo já se reflete no próximo plantio. "A área deve crescer de 10 a 12%, depende do comportamento do mercado", antecipa Busato. Pelo menos 30% da produção futura também já foram negociados.

 

Diante de uma perspectiva tão boa no mercado externo, a indústria nacional passou a questionar se poderia faltar produto para abastecer o mercado brasileiro. A resposta do presidente da Abrapa é enfática:

“Não existe risco de faltar algodão este ano. As indústrias brasileiras estão abastecidas ou estão se abastecendo” 

Luiz Carlos Bergamaschi.

Além disso, com certeza, esse algodão que está chegando no mercado (referente ao começo da colheita) vai abastecer o mercado nacional.

 

O consumo doméstico da fibra é de 700 mil toneladas. A previsão é de que chegue a 720 mil toneladas em 2021. Busato também alerta para a importância de se fechar contratos antecipados e destaca que o algodão brasileiro é de alta qualidade e o mais barato do mundo, portanto, bem mais competitivo.

 

Grandes produtores 

 

Maior fornecedor brasileiro de algodão, com 70% da produção, o Mato Grosso plantou 950 mil hectares com a cultura nesta safra, segundo a Abrapa. O atraso na colheita da soja reduziu em 17% a área cultivada no estado.

 

A Ampa (Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão) também estima queda na produtividade. A colheita está prevista para o fim de junho.

 

Outro estado que colhe em junho é a Bahia, segundo maior produtor da fibra. “A safra ainda não está definida, mas deve repetir o que vem acontecendo nos últimos anos, desde 2017”, é o que diz o presidente da Abapa (Associação Baiana dos Produtores de Algodão), Luiz Carlos Bergamaschi.

 

Os cotonicultores baianos plantaram no ciclo atual quase 267 mil hectares, contra 313 mil na temporada passada. A produção está prevista entre 500 mil e 508 mil toneladas de algodão em pluma. A safra anterior chegou perto de 600 mil toneladas.

 

Por lá, 70% da safra foram comercializados. A maior parte foi negociada por um bom preço, cerca de 77 centavos de dólar por libra peso. “Valor que remunera o produtor. Não como soja e milho, mas remunera”, explica Bergamaschi. A expectativa é de recuperação na área plantada, de 10 a 15%, no próximo ciclo.

 

Qualidade certificada

 

Enquanto os produtores se preparam para iniciar os trabalhos de colheita, no Centro de Análise de Fibras da Abapa a expectativa é para a classificação da safra. Cerca de 3 milhões de amostras da pluma serão processadas, volume praticamente igual ao da safra 19/20.

 

Este ano, o laboratório baiano vai classificar também o algodão do Maranhão – em torno de 200 mil amostras –, e passa a analisar toda a pluma do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). A qualidade esperada para a produção da Bahia é das melhores, afinal, o clima ajudou.

 

O centro da Abapa é modelo no Brasil, com taxa de confiabilidade em torno de 99%, pelos programas do Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA/Abrapa).

 

Outra novidade prevista para este ano é a implementação do Programa de Certificação de Conformidade Oficial do Algodão Brasileiro. Trata-se de uma certificação inédita para a fibra por parte do Ministério da Agricultura.  

Simulação em condição ideal, com certificação da unidade produtiva em todas as safras de a​desão

O projeto está em fase final de estruturação e, de acordo com informações divulgadas pela Abrapa, vai permitir a consolidação da boa imagem do algodão do Brasil no mercado internacional. Será uma garantia de identidade, qualidade e segurança dos resultados das análises realizadas pela rede de laboratórios privados, sob supervisão da associação, por meio do programa Standard Brasil HVI (SBRHVI).

"A certificação atenderá às exigências dos mercados interno e externo e garantirá a credibilidade necessária para que o algodão brasileiro seja reconhecido como um dos melhores do mundo, levando junto a certificação/licenciamento socioambiental dos programas ABR/BCI e o sistema de rastreabilidade (SAI) que já garante a identificação de todos os fardos de algodão produzidos pelos cotonicultores brasileiros", avaliou o presidente da Abrapa, em reportagem divulgada no site da entidade. 

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