Agricultura

Agricultura 5.0: O que é, Conceito, História e Como Funciona

A agricultura 5.0 é a mais nova fase das tecnologias com aplicação pensada diretamente para o campo, marcada por uma grande evolução no processamento de dados na lavoura, automação dos modelos de produção, dentre outras inovações tecnológicas focadas no agro.

Pela junção entre campo e tecnologia, e com a adesão de sistemas como a Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (A.I), o segmento ganhou um novo patamar para produzir em larga escala, com qualidade e de maneira totalmente inédita. 

Neste artigo, vamos analisar as mudanças que a agricultura 5.0 introduziu no sistema, seus benefícios, formas de adesão, algumas dificuldades do segmento e outros detalhes para que você entenda a importância de incorporar esses novos conceitos em sua plantação.

O que é a agricultura 5.0?

Um conceito bastante em alta no agro, a agricultura 5.0 nada mais é que a quinta revolução no setor de produção agrícola. Seu desenvolvimento compreende o aumento de ganhos de produtividade, sustentabilidade e lucratividade por meio da automação de taxas de aplicações variáveis, de insumos e a possibilidade de extração dos melhores dados para orientar as tomadas de decisões na lavoura.  

Por se tratar da mais nova era de tecnologias aplicadas ao setor, a agricultura 5.0 é marcada por um grande avanço no processamento de dados, assim como na automação dos modelos de produção agrícola. Todas essas mudanças são fundamentais para auxiliar o produtor rural com diferentes ferramentas integradas que atuam por meio dos moldes da agricultura digital. Mas, claro, todas essas mudanças não são aplicadas da noite para o dia. 

Desde a agricultura 4.0, já temos sensores em todos os perímetros de um campo que, consequentemente, passaram a contribuir diretamente com a coleta de dados da lavoura, por exemplo. Desta forma, permite o mapeamento da produção, um instrumento altamente necessário para a consolidação da agricultura de precisão (associada à utilização de aparelhagem tecnológica avançada para avaliar e acompanhar as condições das áreas de atividades agronômicas).

A agricultura 5.0 também passou a permitir que os empresários e colaboradores do setor conseguissem alçar voos maiores. Além da possibilidade de utilizar um maior índice de informações a seu favor e mais capacidade no processamento de dados, este novo momento do setor também permitiu alcançar mais autonomia durante a tomada de decisões — tudo isso graças às noções oferecidas pela Inteligência Artificial (A.I).

Dentre outros aspectos, este novo momento tecnológico é capaz de facilitar a análise de solo georreferenciada, o mapeamento das áreas via satélite, as tecnologias para um melhor plantio, a pulverização de produtos com drones, implementação de sistemas de gestão integrada, dentre outros. E, sem dúvida alguma, os empresários do setor que decidirem agregar seus principais pontos desta revolução, terão ganhos imensos em relação aos concorrentes.

Mudanças na agricultura: acompanhe uma breve recapitulação das principais transformações do setor

  Acompanhe aqui uma pequena linha do tempo, iniciada pela agricultura 1.0 até chegar ao atual momento deste setor.

Agricultura 1.0

O principal responsável por dar início a todo o processo que, mais tarde, passaria a ser chamado de agricultura, foram os primeiros tratos na relação entre a criação de animais e de culturas. Esse modelo foi responsável por abrir os olhos dos homens e mulheres da época para a obtenção de alimentos e insumos em larga escala — algo, até então, nunca visto. 

Como consequência disso, as populações decidiram abandonar o estilo de vida nômade (na qual povos se deslocam para novos locais de tempos em tempos) e, começaram criar raízes em territórios, dando início às primeiras sociedades. 

Todo esse cenário ajuda a ilustrar o início da agricultura, que ficou marcado como “agricultura 1.0”. A principal característica do momento descrito é que, naquela época, era muito comum que o setor só funcionasse por conta dos esforços árduos e contínuos dos homens e mulheres envolvidos. 

 

Agricultura 2.0

Já o fechamento do ciclo agricultura 1.0 para o surgimento da agricultura 2.0 aconteceu graças à descoberta do motor à combustão. 

O motor de combustão é basicamente o que preenche a fonte de tratores e outras máquinas agrícolas. Em outras palavras, ele é o coração desses aparelhos que, dentre diversas funções, facilitam o preparo do solo para plantio. 

A máquina começava a substituir o trabalho árduo de muitos trabalhadores e ainda conseguiu melhorar consideravelmente a produtividade.

 

Agricultura 3.0

O que marcou o período conhecido como agricultura 3.0 foi a revolução verde, que aconteceu por volta dos anos 1970. 

Naquele período, foram desenvolvidos os primeiros estudos e experimentos que visavam a discussão e a descoberta de novos manejos e tecnologias de aplicação no campo. 

Foi, basicamente, o início dos processos químicos visando melhorar e potencializar os perímetros agropecuários — que ficou marcada como “a era da química”.

 Aliás, todas essas mudanças foram altamente necessárias para o desenvolvimento dos campos dos agroquímicos. 

 

Agricultura 4.0

Por fim, algumas décadas depois, nos anos 1990, as primeiras experiências com biotecnologia e genética começaram a tomar o setor, dando início ao período intitulado de agricultura 4.0. 

Naquela época, surgiram muitas culturas geneticamente modificadas, com alimentos transgênicos, frutas, verduras e vegetais tolerantes à agroquímicos, grãos e raízes mais produtivas e adaptadas, entre outros. 

Além disso, surgiram as tecnologias digitais que desencadearam algumas revoluções no setor, como a agricultura de precisão e o sensoriamento remoto de máquinas e equipamentos, assim como os primeiros drones. 

 

O começo da agricultura 5.0

Mais tarde, essas mudanças deram base para mais experimentos envolvendo a obtenção de dados e informações resultando na agricultura 5.0, a qual estamos presenciando neste momento: com base nas experiências e avanços do período 4.0, o atual momento da agricultura é caracterizada pela maneira focada de lidar com pontos específicos de um negócio agricultor somada a soluções tecnológicas, como inteligência artificial, internet das coisas, robótica, automação, entre outras.

Os objetivos da agricultura 5.0

Ao todo, os objetivos da agricultura 5.0 podem ser divididos em quatro eixos principais e distintos. Conheça melhor cada um deles:

 

  • Redução do desperdício: com toda a otimização dos processos nos campos, é possível, cada vez mais, reduzir os possíveis desperdícios operacionais. Isso vale tanto para termos de mão de obra, como até para o rendimento de cada cultura; 
  • Aumento da qualidade: a nova revolução agrícola 5.0 também permite a produção em larga escala. Porém, não estamos falando apenas de quantidade. Estamos falando de qualidade também, visto que as novas tecnologias vão mapear as melhores condições de plantio, assim como também determinar uma análise mais apurada em relação aos tempos de colheita, dentre outros;

  • Alimentação saudável e de menor impacto ambiental: um grande foco da agricultura 5.0 é o estímulo à alimentação saudável. Ela vai garantir alimentos mais nutritivos para a população, além de controlar e reduzir os impactos ambientais que podem ser causados pela atividade;
  • Segurança alimentar: por fim, a agricultura 5.0 conseguirá permitir que todos tenham acesso a alimentos e insumos por valores acessíveis, já que a tecnologia terá um grande papel na extração dos melhores recursos das culturas às quais está associada.

Como funciona a agricultura 5.0?

A agricultura 5.0 vai atuar por meio da obtenção de informações geradas a partir de conexões móveis mais rápidas como o 5G, sensores e da Internet das Coisas (IoT). Em seguida, todas essas informações e dados serão processados e analisados por sistemas de Machine Learning e Inteligência Artificial (A.I), capazes de apontar irregularidades, falhas na lavoura e maneiras de potencializar qualidade e produtividade.

Essa tecnologia também poderá ser aplicada a outros processos importantes do campo. A seguir, você confere algumas das inovações no meio que a agricultura 5.0 passou a permitir. Confira:

 

1. Semeadura

Com a agricultura 5.0, uma máquina se torna capaz de efetuar sozinha a semeadura do campo. Isso só acontece por meio da apuração dos dados que indicarão as melhores condições de plantio e rotas para a operação. Além disso, ela mantém um padrão em relação às distâncias e profundidades necessárias para aplicar entre as sementes, assim, garantindo a possibilidade de se gerar uma lavoura uniforme. 

Uma lavoura uniforme é o meio mais suscetível a manter uma alta produção, pois, com cada planta em seu devido lugar, uma não será responsável por “roubar” os nutrientes de outra e vice-versa — isso vai garantir o bom desempenho para ambas!

O maquinário utilizado na semeadura também vai dispor de tecnologia de taxa variável, desta forma, permitindo a alocação da quantidade de semente ideal para cada perfil de solo encontrado em um perímetro agrícola. 

Por exemplo, na lavoura do milho, cada planta é alocada da melhor maneira no talhão: com o cruzamento de diferentes dados agrícolas, a agricultura vai otimizar o desenvolvimento da cultura na qual é aplicada.

 

2. Pulverização

Já a pulverização nas fazendas passará a ser feita por drones que operarão automaticamente os processos que a compõem. A distribuição de calda, por exemplo, será feita de acordo com as necessidades e coordenadas de cada talhão, montadas a partir das informações disponíveis sobre a lavoura. 

Embora a utilização de drones seja importante neste processo, é importante ressaltar que esses gadgets contam com capacidade de carregamento de, em média, 16 (dezesseis) litros de produtos. Por isso, os tratores de pulverização não saíram de linhas por conta da inserção dos drones neste processo. Mas é fundamental ter em mente que, hoje em dia, os tratores de pulverização conseguem ser programados e aplicam a calda por conta própria, sempre regulando os jatos conforme a cultura a ser plantada, o defensivo aplicado, o grau de evaporação, entre outros. 

Com a capacidade de processamento de dados e a agricultura de precisão, ambas permitidas pela Agricultura 5.0, poderemos reduzir a quantidade de caldas aplicadas nas culturas, assim, aumentando a eficácia do produto final. Essa medida está diretamente ligada nos gastos da aplicação, aliás.

 

3. Colheita 

No caso das colheitadeiras, a agricultura 5.0 permite que elas trabalhem sozinhas. Isso é, sem a necessidade de intervenção de mão de obra humana. Com o auxílio da inteligência artificial, além de vários outros sensores, as máquinas se ajustam conforme a performance da colheita, assim, otimizando os resultados. 

Neste modelo, a colheitadeira também poderá realizar tipos de colheitas diversas, variando de acordo com o objetivo do produtor. Por exemplo:

 

  • uma colheita com maior aproveitamento dos grãos, porém, demandando mais tempo para a operação; 

  • uma colheita mais rápida, porém, com maior taxa de quebra de grãos;

  • uma colheita com velocidade que consiga ter um melhor aproveitamento em tempo hábil.

 

Aqui, também será possível sincronizar a colheita com as operações de logísticas e outros processos da fazenda.

 

4. Análise de fertilidade e de solo

Por meio das medições de coletas de solo, a agricultura 5.0 consegue observar os locais com baixa fertilidade. Desta forma, ela analisa quais nutrientes estão faltando no solo ou quais problemas estão presentes naquele ambiente de produção agrícola. 

E com base nos resultados, a inteligência artificial aponta os melhores produtos ou indica as medidas que poderão ser adotadas para reverter um quadro que, posteriormente, ligue sua cultura à baixa produtividade. Isso vai permitir que os produtores consigam economizar graças aos fertilizantes indicados nas áreas que carecem de nutrientes para plantio, por exemplo, além de permitir a aplicação na dose certa.

 

5. Monitoramento da lavoura

Por fim, com os avanços tecnológicos aplicados na agricultura 5.0, será possível monitorar de maneira mais precisa o perímetro agrícola. Por exemplo, o que precisa ser feito com inúmeras visitas a pé nos talhões, hoje em dia, pode ser realizado pelo céu, seja com o auxílio de câmeras, satélites e drones. 

A inteligência artificial aplicada, graças ao processamento de informações e dados, também vai apontar diferentes informações sobre a lavoura, como: 

 

  • Identificação das áreas que podem sofrer mais com os efeitos de plantas daninhas ou doenças; 

  • Indicação das áreas que podem ter problemas de nutrição e, consequentemente, de produção;

  • Detecção da infestação causada por pragas diversas; 

  • Variação do desenvolvimento vegatativo da lavoura;

  • entre outros.

 

Atualmente, com o auxílio da internet, os diferentes sensores de uma lavoura conseguem se comunicar entre si, enchendo uns aos outros com dados e informações, que, por sua vez, complementam as análises via satélite e oferecem resultados cada vez mais precisos.

 

Entenda como a nova agricultura impacta no mercado e na atuação do produtor rural

Pelo que você viu nesta seção, é praticamente “chover no molhado” afirmar que a agricultura 5.0 mudou a forma do produtor rural de atuar, dando a ele mais autonomia e precisão para tomar decisões sobre os aspectos do seu negócio. Também com isso, é possível afirmar que a agricultura 5.0 também é responsável por impactar no mercado e na atuação do produtor rural das seguintes maneiras: 

 

  • Redução de custos com desperdício; 

  • Ajuda a mitigar os danos ambientais causados pela atividades, desta forma, tendo a oportunidade de construir uma imagem mais sustentável do setor como um todo; 

  • Diminuição dos riscos de perdas devido a fatores externos, como desastres naturais, praças, condições climáticas, entre outros; 

  • E, principalmente, na ampliação de renda do produtor e no aumento da qualidade dos produtos e serviços oferecidos por ele. 

     

Principais desafios da agricultura 5.0

 

Embora seja a principal tendência do momento, não pense que a agricultura 5.0 não oferece desafios. Como qualquer grande mudança, ela também enfrenta alguns obstáculos que podem dificultar os negócios de quem tem interesse em utiliza-la. 

Sem dúvida, uma das principais dificuldades do setor é a falta de incentivos à pesquisa e desenvolvimento de tecnologias com baixos custos para facilitar sua adesão. 

Assim também como a falta de incentivos fiscais, de créditos agrícolas, a existência de poucos treinamentos de equipes técnicas especializadas, falta do uso de inteligência artificial, ausência de internet de qualidade nos campos agrícolas, entre outros. 

As redes 5G estão se espalhando pelo país mas com baixa velocidade de expansão, tornando a interconectividade no campo um desafio para redes antigas ou com estruturas próprias.

Benefícios da agricultura 5.0

A agricultura 5.0 não se destaca somente pela alta produtividade. Existem outros aspectos que podem ser aproveitados com a adesão desta prática em sua lavoura. A seguir, destacamos os oito principais benefícios desse novo modelo de produção agrícola. Confira: 

 

  1. Melhoria da qualidade dos produtos a serem cultivados; 

  2. Otimização das áreas da lavoura, produzindo mais grãos por talhão; 

  3. Minimização dos impactos ambientais; 

  4. Maior conexão entre os produtores, operadores, agrônomos e administradores;

  5. Fornecimento de dados, informações e resultados corretos sobre a infestação de pragas ou plantas daninhas; 

  6. Redução de desperdícios causados pela má administração das culturas; 

  7. Redução de custos com o uso de fertilizantes, tanto para a nutrição de culturas, como também de defensores;

  8. Otimização do trabalho da mão de obra.

Como aderir à agricultura 5.0?

Antes de mais nada, é essencial entender que a melhor maneira de se adaptar à agricultura 5.0 é com a compreensão sobre o mercado como um todo, que agora exige uma nova mentalidade do produtor agrícola. Para ilustrar, acompanhe o cenário a seguir: 

Hoje em dia, os consumidores querem ter acesso à forma com que seus alimentos são produzidos para terem a certeza de que seus processos não desrespeitem o meio-ambiente e sejam sustentáveis, por exemplo. Em paralelo a isso, também é necessário desenvolver a consciência de que a demanda por alimentos no mundo inteiro é alta e a tendência é que seu crescimento siga dessa forma. 

Então, para dar conta do que descrevemos acima, o mais indicado é o de produzir mais, mas sem aumentar os custos e os esforços na mesma proporção. 

Desta maneira, podemos descrever que a melhor forma de se adaptar às mudanças promovidas pela agricultura 5.0 é com os implementos tecnológicos que, por sua vez, dialoguem diretamente com os produtores para que haja um aumento da eficiência operacional, produtividade e resultados, mas sem aumentar os esforços e afetar o meio-ambiente.

Conclusão

Com um nível de excelência acima dos padrões mundiais, a agricultura brasileira é perfeita para implementação da agricultura 5.0, no entanto precisa ultrapassar alguns desafios como expansão de redes rápidas e até com a burocracia para importar soluções.

No entanto, ao aplicar essas novas tecnologias, vem a promessa de maior produtividade com qualidade levando em consideração as melhores práticas ambientais.

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