Agricultura
Pragas quarentenárias que ameaçam a viticultura brasileira | BASF
Você sabe quais pragas quarentenárias tem potencial em causar prejuízos a viticultura brasileira? Se ainda não, confira aqui sobre esse assunto!
Lucas Barros - ESALQ-USP
O que é uma praga quarentenária? Praga quarentenária ou exótica são animais e/ou vegetais oriundo de outro país ou região, ainda que sob controle fitossanitário, que ameaçam à economia agrícola do país ou região importadora caso instalados.
As pragas quarentenárias podem ser subdivididas em:
· Pragas exóticas não presentes no país ou praga quarentenária A1;
· Pragas exóticas de importância econômica potencial e presente no país, porém apresentando disseminação localizada e submetidas a programa oficial de controle. Também são denominadas de praga quarentenária A2.
Tanto as pragas quarentenárias do tipo A1 ou A2 constituem sérios riscos a sustentabilidade agrícola do país ameaçado.
Isso ocorre porque apresentam grande capacidade de entrada e estabelecimento através de portos e aeroportos ou de se dispersarem através do vento, de pessoas, de plantas e de animais.
Assim, os prejuízos financeiros ocorrem devido a presença de hospedeiros preferenciais e/ou alternativos, da ausência de inimigos naturais que, associado a fatores ambientais in locu, favorecem o desenvolvimento da praga.
De acordo o Departamento de Sanidade Vegetal (DSV/Mapa) e a Embrapa, na cultura da uva brasileira existem duas pragas quarentenárias ausentes que são de caráter prioritário:
O falso ácaro vermelho chileno, Brevipalpus chilensis (Acari: Tenuipalpidae), e a traça da uva ou traça europeia dos cachos da videira, Lobesia botrana (Lepidoptera: Tortricidae). Para compreender um pouco sobre cada uma dessas duas pragas vejamos um breve resumo sobre cada.
Falso ácaro vermelho chileno
Até o momento, o ácaro B. chilensis está disseminado apenas no Chile. Neste país, as perdas chegam a 30% nos parreirais. Além da uva (Vitis vinifera), o qual é o seu principal hospedeiro, o falso ácaro vermelho chileno também pode se desenvolver em plantas de limão, de laranja, kiwi, figo, caqui, ligustro, entre outras.
Na uva, seu período de maior atividade se dá nos períodos mais quentes do ano, em que os prejuízos decorrem da morte dos brotos das plantas de uva. Isso ocorre devido a alimentação do ácaro do conteúdo celular presente nos tecidos vegetais.
No Brasil, essa espécie já foi detectada em 2006 no estado de Santa Catarina em uvas vindas do Chile.
Diante disso, em um cenário pessimista, com a entrada e disseminação da praga em território brasileiro as importações poderiam ser comprometidas, implicando em prejuízos financeiros.
Traça europeia dos cachos da videira
Essa traça é um lepidóptero que pertence à família Tortricidae, a mesma da mariposa oriental que ataca o pessegueiro. É considerada uma praga quarentenária ausente no Brasil e possui diversos hospedeiros.
Além do principal (videiras), ela ataca flores e frutos de outras plantas de importância agrícola como ameixa, pêssego, kiwi e caqui. Em países da Europa, Ásia, África, já há relatos da praga, e ela está se aproximando do Brasil.
Na Califórnia a praga já foi detectada e erradicada. Atualmente encontrasse presente na Argentina e no Chile. Estima-se que perdas potenciais são superiores a 40% dos cultivares.
Isso ocorre porque na primeira geração, L. botrana ataca as flores e ali formam "ninhos" (teia + flores). Entretanto, na segunda geração acometem os frutos, que favorecem a instalação do fungo de podridão Botrytis cinerea.
Além disso, a traça da uva apresenta, no ano, entre duas e quatro gerações e os adultos vivem em média 15 ou 20 dias. Mesmo sendo uma praga com possibilidades de manejo, o custo associado está próximo dos US$ 300 e 400 por hectare, o que inviabilizaria a atividade de muitos viticultores.
Fonte Texto:
Traça Europeia dos Cachos da Videira: uma Praga em Expansão nas Américas
Brevipalpus chilensis - Série especial das pragas agrícolas mais importantes que ainda não chegaram ao país
Lobesia botrana - Série especial das pragas agrícolas mais importantes que ainda não chegaram ao país