Agricultura

Soja: previsão de preço da commodity para 2023

A produção de soja ao longo de 2022 foi marcada por uma série de impasses. No decorrer do ano, a desvalorização da moeda brasileira, as condições climáticas desfavoráveis à prática agrícola, a elevação dos custos de produção – sobretudo em função da alta dos insumos no mercado internacional – e o preço de transportes acima da média determinaram o elevado custo de implantação da lavoura e consequentemente valor do grão em todo o mundo. 

Porém, para 2023, os sojicultores devem se deparar com preços estáveis ou até mesmo menores dos que foram observados ao longo de 2022, tanto em dólar quanto em real. Neste ano, espera-se que o preço e a margem do sojicultor sejam menores do que os registrados em 2022. 

Como aponta Enilson Nogueira, analista de mercado da Céleres Consultoria, mesmo diante dos preços menores, o produtor ainda poderá ter margem para lucros. “O Brasil é um player relevante no fornecimento global de soja, farelo e óleo. Então, o produtor não vai ter um problema de liquidez do produto. Ele vai encontrar compradores, especialmente em função da demanda externa bem elevada.” 

Conforme o analista, o cenário da soja em 2023 deve seguir o observado no segundo semestre do último ano, ou seja, com valores menores, provocados por conflitos internacionais e pela alta inflação registrada em todo o mundo. 

“Do ponto de vista macroeconômico, em 2023, todo esse cenário de possível recessão se mantém. A inflação continua alta e por isso os países estão tendo que aumentar juros, o que naturalmente enfraquece a atividade econômica e diminui a demanda potencial por alimentos. Então, há uma grande incerteza que segura e até mesmo pressiona para baixo  os preços globais de commodities, como é o caso da soja.”

Fatores que contribuíram para o cenário desenhado

Esse cenário que se desenha para 2023 é explicado por Nogueira por dois grandes acontecimentos. 

O primeiro foi a quebra de safra na América do Sul, com uma redução média de 35 milhões de toneladas — situação que assustou o mercado, ocasionando em um acréscimo nos preços da soja no final de 2021. 

Além dessa situação, houve os conflitos entre Ucrânia e Rússia, um embate que também contribuiu com as incertezas do mercado internacional, em especial do destinado à produção de óleos vegetais. 

“Apesar da Ucrânia e da Rússia não serem países produtores tão relevantes de soja, são dois produtores de girassol e óleo de girassol. Então, como o óleo de soja é o substituto do óleo de girassol, todo o complexo de óleos vegetais subiu muito no primeiro semestre de 2022, o que também elevou o preço da soja”, explicou. 

Dólar em alta, commodity enfraquecida

No segundo semestre de 2022, como reflexo dos conflitos no Leste Europeu, a inflação ficou elevada no mundo inteiro. Assim, o ambiente macroeconômico foi muito desfavorecido devido a uma possível recessão. 

“Estamos vendo um dólar muito forte. Assim, como as commodities são compradas e transacionadas em dólar, acaba diminuindo a demanda potencial para essas commodities.”

Expectativa para a produção de soja no Brasil

Para 2023, a expectativa é de uma safra cheia no Brasil. Em média, espera-se que as regiões produtoras no país produzam cerca de 153 milhões de toneladas, 30 milhões de toneladas a mais do que o registrado em 2022. 

“De certa forma, essa expectativa traz tranquilidade para o mercado, mas reforça a tese de preços mais baixos. Nesse caso, por um motivo de maior oferta e, consequentemente, de uma reposição de estoques globais de soja.”

Como aponta Nogueira, existe a possibilidade de uma quebra de safra na Argentina.  No país, conforme o analista, os produtores estão muito atrasados no plantio devido à falta de chuvas. A mesma situação se repete no Rio Grande do Sul, porém em menores proporções. 

“Mesmo com alguma quebra da Argentina, estas 150 milhões de toneladas no Brasil garantem um bom nível de produção e estoque neste primeiro semestre”, reforça Nogueira.

Um cenário com margem para lucros

Por fim, vale ressaltar que a previsão de preços baixos não significa falta de remuneração aos produtores de soja. Na prática, o produtor que conseguir garantir uma boa produtividade, mesmo com os custos mais altos, conseguirá apesar de menor, atingir uma rentabilidade positiva. 

Essa situação aponta, segundo Nogueira, para um cenário em que, embora menores, ainda haverá margem para lucros.

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