Agricultura

Cenário comercial da soja brasileira em meio à guerra comercial entre EUA e China

Quais mudanças podemos esperar em função da assinatura do acordo comercial entre EUA e China?

Fernando Henrique Lost Filho - Engenheiro Argônomo

Principal parceiro comercial da agricultura brasileira, destino de 32% de todos produtos agropecuários exportados pelo Brasil, a China também é o maior comprador de soja brasileira. O gigante asiático importou 78% do total de soja exportada pelo Brasil em 2019, com os valores transacionados girando em torno de U$ 19,60 bilhões. Assim, é imprescindível entender as dinâmicas de mercado nesse país, para prever o mercado de soja no Brasil para o próximo ano.
 
Os conflitos comerciais entre EUA e China, com auge no segundo semestre de 2019, impactaram positivamente a exportação de soja brasileira. Em substituição à soja norte americana, o país asiático aumentou significativamente o volume de soja importado do Brasil. Esse fato resultou em um total de soja exportado de aproximadamente 74 milhões de toneladas, valor 8,82% acima do previsto para o período.
 
Com a assinatura do acordo comercial entre EUA e China, espera-se uma redução no volume de soja brasileira exportado para o país asiático. Isso se dá em função do iminente aumento no volume de produtos agrícolas norte-americanos importados pela China. Segundo o governo norte-americano, o aumento será próximo a U$ 40 bilhões.
 
No entanto, redução no volume de soja brasileira exportada para a China não significa, necessariamente, redução no volume de soja brasileira exportada. Como assim? O que se espera que ocorra é uma substituição de players no mercado. Restará ao Brasil, que deverá ocupar o posto de maior produtor mundial de soja em 2020, destinar o volume “perdido” da China para outros compradores, como União Europeia, Oriente Médio e outros países da Ásia. Essa missão não será tão difícil, uma vez que o aumento de exportações dos EUA para a China deixará lacunas no mercado.
 
Um outro fator para acalmar os ânimos dos produtores brasileiros é a lentidão na recuperação da produção de suínos na Ásia, em função do desafio sanitário imposto pela febre suína africana. Embora esse problema tenha diminuído a demanda de soja brasileira pelos produtores de suínos na China, esse cenário é favorável para os exportadores de proteína animal do Brasil.

Dados do Ministério da Agricultura indicaram um aumento superior a 74% nas exportações de carnes do Brasil para a China, que se tornou a maior compradora de carnes bovinas, suína e de frango brasileiras. Como já se sabe, aumento na produção de proteína animal resulta em aumento direto nas necessidades por proteína vegetal, trazendo esperança de bons resultados comerciais para produtores de soja.
 
Com tantos fatores em jogo na formação de preços, cabe ao produtor se manter atento ao mercado e buscar a máxima eficiência agrícola. 

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