Agricultura

Manejo da traça-do-tomateiro em alta infestação

Entre as inúmeras pragas da plantação de tomate, a traça-do-tomateiro (Tuta absoluta) merece atenção especial!

Lucas Barros - ESALQ/USP

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Além de minar as folhas novas e ramos, essa praga também ataca as gemas apicais e brotações novas, no entanto os danos consideráveis ocorrem nos frutos.

A traça-do-tomateiro, na cultura do tomate, está presente durante todo ano e são comuns os relatos de altas infestações acompanhadas de perdas em produtividade.

Dentre as diversas dificuldades em reduzir a população da praga, podemos destacar a falha dos inseticidas. Um dos motivos para isso diz respeito ao hábito alimentar ou comportamento da praga, que associados ao elevado índice de área foliar dificultam o controle.

No estágio larval por exemplo, a traça-do-tomateiro pode se encontrar protegida no parênquima foliar, nas brotações novas, nos ramos ou nos frutos. Essas estruturas promovem uma barreira “física-natural” que dificulta a ação dos inseticidas.

Além disso, já existem casos de resistência e da redução da suscetibilidade de T. absoluta a alguns dos principais ingredientes ativos utilizados que reforçam esse efeito.

Assim, medidas emergências através da pulverização de inseticidas normalmente não são efetivas e o produtor acabando entrando em um ciclo vicioso de aplicações sequenciais com resultado prático insatisfatório.

Entre os pesquisadores, é consenso que o uso exclusivo de inseticidas não é sustentável e não promove resultados satisfatórios no manejo da traça-do-tomateiro, especialmente em altas infestações na qual há sobreposição de gerações.

Sendo assim, a melhor estratégia a ser utilizada para o manejo de T. absoluta em altas infestações é a implementação do MIP (Manejo integrado da traça-do-tomateiro).

Inseticidas devem ser utilizados? Sim, entretanto com critérios econômicos e sustentáveis, ou seja, de acordo com nível de controle recomendável e com pulverização de inseticidas seletivos aos inimigos naturais.

Além dessas medidas citadas, liberações de inimigos naturais na área são igualmente interessantes e complementares ao uso de inseticidas.

Mas qual a vantagem do controle biológico? Sabendo que a fase larval é a mais difícil de controlar, torna-se interessante manejar a fase de ovo, especialmente por ser uma fase anterior ao dano na planta.

Para isso, existe como estratégia a liberação de uma microvespa que parasita os ovos de T. absoluta, denominada de Trichogramma pretiosum.

Certamente, algumas liberações sequenciais deverão ser realizadas para tentar reduzir a população, devido aos novos fluxos de posturas na área.

Junto a essas estratégias de MIP, o que mais pode ser feito é a captura massal de mariposas ou adultos da praga de forma intencional através de armadilhas luminosas do tipo Luiz de Queiroz.

Isso impedirá acasalamentos e novas reinfestações na área. Nesse caso, estudos demonstraram bons resultados para as lâmpadas negras e do tipo BLB.

Complementar a armadilha luminosa, mesmo que indiretamente e pouco eficiente para essa finalidade, o uso de feromônio sexual para o monitoramento populacional de adultos também pode contribuir na redução populacional da praga em campo.

No entanto a armadilha “iscada” com o feromônio sexual apenas captura o macho adulto e sua finalidade é o monitoramento populacional e não a captura massal.

Através da armadilha com o feromônio podemos detectar a densidade populacional de adultos e posicionar as liberações de T. pretiosum em campo. Estudos nesse sentido revelaram que a presença de 45 insetos capturados/armadilha/dia indicou o momento ideal para se realizar liberações do parasitoide na área.

Atualmente, diversas estratégias e pacotes tecnológicos de MIP estão disponíveis ao produtor e através delas bons resultados têm sido alcançados no manejo da traça do tomateiro.

Em uma recente notícia publicada, pesquisadores conseguiram racionalmente manejar a traça-do-tomateiro utilizando feromônio sexual.

Manejar pragas em altas infestações não é uma tarefa fácil, especialmente a traça-do-tomateiro que, além do seu hábito alimentar desfavorável a ação dos inseticidas, existem outras plantas hospedeiras que permitem seu desenvolvimento quando na ausência de plantas de tomate.

 

Portanto, a melhor estratégia nessa situação é evitar a alta densidade populacional da praga através de medidas racionais e fundamentadas nos critérios do Manejo Integrado de Pragas.

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