Agricultura

Controle de corda-de-viola, buva e trapoeraba em pomares cítricos | BASF

Em áreas ocupadas por culturas perenes como citros, a principal estratégia de manejo de plantas daninhas é o uso do glyphosate. Mas como controlar as plantas daninhas resistentes?

Leticia Tambolin - ESALQ-USP

Sabemos que as plantas daninhas podem causar muitos danos diretos às culturas. Mas também podem causar danos indiretos, dificultando os tratos culturais, diminuindo a qualidade do produto colhido e aumentando o custo de produção além de serem hospedeiras de pragas, patógenos e nematoides. O período crítico de interferência das plantas daninhas na cultura do citros é variável de acordo com as condições edafoclimáticas, comunidade infestante e sistema de cultivo. Porém em média esse período ocorre entre os meses de setembro-outubro e março-abril na região Nordeste, entre os meses de outubro-novembro e janeiro-fevereiro no Estado de São Paulo.

O manejo integrado de plantas daninhas é o mais recomendado, já que pode resolver o problema da competição sem prejudicar o solo e causar erosão. Um exemplo desse manejo integrado é a aplicação de herbicidas em faixas paralelas à linha com o controle junto a roçadeiras na entrelinha. Em pomares maiores, devido à facilidade de realização do controle químico, são feitas aplicações de herbicidas residuais na linha e em pós-emergência nas entrelinhas ou então a aplicação, em área total, de herbicida em pós-emergência. A aplicação de herbicidas em faixas, na linha de plantio, necessita de atenção nos cuidados básicos com a adequação do produto químico às plantas daninhas (herbicida seletivo) com a largura da faixa aplicada, que sempre deve ter de 0,5 a 1,0 metro, além da linha de projeção da copa e com possíveis replantas, as quais não devem ter as folhas atingidas pelo herbicida pulverizado no último bico da barra interno à copa.

Em áreas ocupadas por culturas perenes como citros, a principal estratégia de manejo de plantas daninhas é o uso do glyphosate, no início em aplicações na área total e depois em jato dirigido. Porém, devido ao aparecimento de biótipos de plantas daninhas resistentes ou tolerantes a esse herbicida, o controle químico tem sofrido mudanças. Exemplos de plantas daninhas tolerantes e muito comuns em pomares são: corda-de-viola (Ipomoea sp.) e trapoeraba (Commelina benghalensis), e resistente temos a buva (Conyza bonariensis).

Uma alternativa que tem se mostrado eficiente no controle dessas plantas daninhas, é o saflufenacil, o qual é herbicida seletivo condicional de contato, contendo o ingrediente ativo de nome comum Saflufenacil, do grupo químico primidinadiona, sendo um inibidor da enzima PROTOX. Trata-se de uma molécula com flexibilidade de uso quanto a época de aplicação, podendo ser utilizado em pré-plantio na dessecação de plantas daninhas, em jato dirigido sem que haja contato com as plantas cultivadas. Segundo à bula deste herbicida, ele não é seletivo para a cultura do citrus, mas recomendado, porém tem sido muito utilizado em aplicações em pós emergência em jato dirigido. Estudos comprovam sua eficácia no controle de tais plantas daninhas, sendo até mesmo utilizado em associação ao glyphosate, que tem demonstrado efeito sinérgico (quando a associação de dois ou mais produtos causa um maior controle de plantas daninhas em relação à soma de seus efeitos individuais).

No ano passado, esse herbicida recebeu registro para uma outra cultura perene, a cultura do café. Isso porque é aplicado nas entrelinhas em jato dirigido, sem que haja contato com as plantas cultivadas. Um estudo demonstrou que o saflufenacil aplicado isolado e em associação com glyphosate foi seletivo para plantas de café e citros, não apresentando nenhum sintoma visual de intoxicação nas plantas. Além disso, a pulverização sequencial de saflufenacil isolada e em associação com glyphosate não afetou o crescimento das plantas de café e citros, portanto o saflufenacil tem um potencial de uso em associação com glyphosate para fornecer controle de muitas espécies de plantas daninhas em áreas de café e citros sem nenhuma interferência no desenvolvimento destas espécies.

Apesar de vários estudos demonstrarem que o saflufenacil possui potencial para o controle de plantas daninhas resistentes e tolerantes ao glyphosate – o qual era o mais utilizado em pomares – devemos nos atentar à rotação de ingredientes ativos para evitar o aparecimento de novos biótipos resistentes a esse herbicida também. É de grande importância salientar que apesar do controle químico ter alto rendimento, o mais indicado é realizar um manejo integrado das plantas daninhas, principalmente em pomares cítricos em que é possível utilizar as plantas daninhas das entrelinhas na ciclagem de nutrientes e proteção do solo, como um “mulch”. Além disso, o manuseio integrado evita que apareçam esses biótipos resistentes.

Fonte Texto:

Basf obtém registro do herbicida Heat para café.

GONÇALVES, Clebson Gomes et al. SELETIVIDADE DO SAFLUFENACIL ISOLADO E EM ASSOCIAÇÃO COM GLYPHOSATE EM CULTURAS DE CAFÉ E CITROS. Revista Caatinga, v. 29, n. 1, p. 45-53, 2016.

DALAZEN, Giliardi et al. Sinergismo na combinação de glifosato e saflufenacil para o controle de buva. Pesquisa Agropecuária Tropical, v. 45, n. 2, 2015.

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