Agricultura

O sistema de defesa das plantas | BASF

Você sabia que as plantas possuem um complexo sistema de defesa que é bastante parecido com o nosso? Leia mais.

Daniel Grossi - ESALQ / USP

Sao Paulo, Brazil. June 18, 2009. Man harvesting coffee on the orchard of the Biological Institute, the oldest urban coffee plantation in the country, located in Vila Mariana, south of São Paulo, Sao Paulo, Brazil. June 18, 2009. Man harvesting coffee on the orchard of the Biological Institute, the oldest urban coffee plantation in the country, located in Vila Mariana, south of São Paulo

Você também sempre pensou que as plantas eram totalmente indefesas ante um ataque de patógenos? Pois saiba que as plantas possuem um complexo sistema de defesa que é bastante parecido com o nosso.

Normalmente uso este espaço trazer a vocês informações sobre características de doenças e interação entre doenças de plantas e clima, que sempre foi o objetivo deste blog.

Já falamos sobre como as doenças afetam as lavouras, mostramos danos causados, sintomas, sistemas de alerta para prevenção de doenças e curiosidades sobre doenças em plantas.

Hoje gostaria de trazer a vocês mais uma curiosidade. Vocês verão que as plantas não são totalmente indefesas frente ao ataque de fungos, bactérias, vírus e outros agentes patogênicos ou mesmo insetos. Saibam que as plantas possuem um mecanismo de defesa bastante complexo que as protege contra o ataque de pragas de forma geral e que este sistema de defesa é muito parecido com o nosso. Vamos entender.

A resistência na natureza

Antes de avançarmos no sistema de defesa das plantas, vamos entender que, na natureza, a resistência contra doenças é a regra e a doença é a exceção... Pode parecer confuso, mas, vou explicar.

Uma estimativa bastante conservadora nos diz que existem aproximadamente um milhão de microrganismos capazes de causar doenças em plantas de modo geral e, deste total, apenas uma pequena parte é capaz de causar doenças na cultura do feijão, uma vez que estão descritas nesta cultura 26 doenças, sendo 13 causadas por fungos, 10 por vírus e 3 por bactérias.

Comparando os números, 26 agentes causais de doenças em feijão, contra um milhão de microrganismos capazes de causar doenças em outras culturas, podemos concluir que o feijoeiro é resistente a um grande número deles.

Esta resistência é conferida por um mecanismo de defesa bastante complexo.

O mecanismo de defesa das plantas

Voltando a falar da cultura do feijão. Vimos que o feijoeiro é resistente a muitos microrganismos.

Esta resistência se dá devido a mecanismos estruturais (presença de pelos, camada de cortiça, parede celular mais desenvolvida, maior quantidade compostos que conferem maior rigidez às células) ou bioquímicos (presença de compostos tóxicos, por exemplo) já existentes na planta ou que são produzidos e/ou acumulados após o contato da planta com o agente patogênico.

Isso acontece pois a planta é capaz de "perceber" a presença do patógeno, por meio de uma série de receptores que reconhecem padrões, que são uma espécie de "assinatura" emitidos pelo microrganismo. Quando os receptores reconhecem tais padrões, uma série de sinais são disparados e levam a uma sequência de eventos que levam à ativação do seu sistema de defesa, levando a uma resposta, como por exemplo, o acúmulo de compostos tóxicos ao agente invasor, fazendo com que ele não consiga se estabelecer.

Além do acúmulo de compostos tóxicos, vários outros tipos de resposta podem acontecer, como movimentação do citoplasma, reação de hipersensibilidade, que causa morte da célula, aumento da quantidade de lignina na parede das células, conferindo maior rigidez, desbalanço hormonal, fazendo com que haja queda de folhas, fechamento de vasos, impedindo a dispersão do agente causal no interior da planta, além de outros.

O interessante deste tipo de resposta é que a mesma pode ser sistêmica e não apenas local. Neste contexto, o sinal provocado pela presença do patógeno é transmitido por toda a planta, deixando a mesma em estado de alerta.

Vale lembrar que as plantas respondem a outros fatores, não somente ao ataque de patógenos como também a ataque de insetos e outros estresses de origem abiótica, como por exemplo, falta de água, salinidade, e outros.

No link, vocês poderão ver um vídeo que nos mostra como e com que intensidade se dá esta resposta.

Pela primeira vez, cientistas conseguiram demonstrar na prática a atuação do sistema de defesa das plantas contra um estresse. Vejam como a resposta é extremamente rápida. No exemplo em questão, as plantas estão respondendo ao ataque de um inseto, mas a resposta ao ataque de um patógenos seria muito semelhante.

Defesa das plantas e novas tecnologias e tendências no controle de doenças

Como falamos acima, a resposta do sistema de defesa das plantas pode se dar por vários estímulos diferentes. Cada vez mais os pesquisadores estão atentos a efeitos secundários dos produtos químicos que são utilizados no controle de doenças e este conhecimento tem sido utilizado para desenvolvimento de indutores de resistência de origem biótica ou abiótica.

Tais indutores são produtos que, uma vez aplicados nas plantas, provocam uma resposta que leva à ativação do seu sistema de defesa, fazendo com que a cultura fique "alerta" contra a presença de organismos patogênicos. Este estado de alerta faz com que, em caso de ataque, o sistema de defesa responda com maior intensidade e rapidez, auxiliando no manejo das doenças.

Viram como as plantas não são tão indefesas assim? Entenderam como o sistema de defesa das plantas é extremamente complexo e eficiente?

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