Agricultura

Cuidados pré e pós-colheita para minimizar ataque de patógenos na lavoura do café? | BASF

O manejo pré e pós-colheita influencia no desenvolvimento de doenças nos cafezais. Entenda quais são os impactos das operações de manejo e as estratégias de mitigação para a ocorrência de doenças.

Silvane Brand - ESALQ-USP

A cafeicultura brasileira ocupa lugar de destaque na produção mundial, com estimativa para a próxima safra de cerca de 53,9 milhões de sacas, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Para garantir uma boa produtividade na lavoura de café tanto na safra corrente como na seguinte, os produtores devem estar atentos aos fatores de manejo nos períodos pré e pós-colheita, já que podem favorecer ou desfavorecer os processos de infecção por patógenos.

No que se refere ao ataque de patógenos, as práticas pré e pós-colheita têm especial influência sobre patógenos necrotróficos, ou seja, os que precisam de tecido morto para se desenvolver, como as manchas de phoma, aureolada, ascochyta e manteigosa, fusariose, antracnose e cercosporiose. Já os patógenos biotróficos, que precisam de tecidos vivos para se desenvolver, como é o caso da ferrugem, não são influenciados por estas práticas.

Cuidados pré-colheita na lavoura do café

Dentre as práticas adotadas na pré-colheita do café temos o controle de plantas-daninhas, sendo comumente adotado o controle mecânico ou roçada (Mesquita et al., 2016a), que pode favorecer a dispersão dos patógenos necrotróficos presentes nos restos culturais, os quais são lançados sobre a parte aérea da cultura, favorecendo assim a proliferação dessas doenças.

Outra prática adotada antes da colheita é a arruação, prática que consiste na limpeza da saia do cafezal, para garantir com que os frutos colhidos não entrem em contato com o solo e restos culturais que comprometem a sua qualidade (Mesquita et al., 2016a).

Cuidados pós-colheita na lavoura do café

A colheita do café, seja manual ou mecanizada, promove danos mecânicos nos ramos, pela retirada dos frutos, além de promover a queda de folhas e ramos (Mesquita et al., 2016a). Esses danos servem de porta de entrada para patógenos causadores de doenças na cultura. Para minimização desses danos na colheita, recomenda-se que esta seja realizada em época adequada, com maior parte dos frutos em correto estádio de maturação.

Além disso, podas realizadas após a colheita podem intensificar as a entrada de patógenos nas plantas (Mesquita et al., 2016a), sendo que a atenção deve ser redobrada, e o controle deve ser necessário para se enviar maiores danos aos cafezais.

Doenças e pragas que merecem destaque na pré e pós-colheita

Dentre as doenças que são favorecidas durante os períodos de pré e pós-colheita, a mancha de phoma (Phoma spp.) é uma das mais importantes. Essa doença ocorre sob condições de elevada umidade, temperatura entre 17 a 22°C, ventos frios e em locais com altitude acima de 900 m. Os danos desta doença resultam em queda das folhas, seca de porteiros e lesões no fruto que comprometem a safra em questão, bem como a safra seguinte (Mesquita et al., 2016b).

Outra doença que é favorecida pelos danos mecânicos é a mancha-aureolada, ocasionada pela Pseudomonas syringae pv garcae. Da mesma forma que a mancha de phoma, esta é favorecida por umidade alta, temperaturas amenas, principalmente à noite, e chuvas. Os danos da doença comprometem a safra seguinte por ocasionar desfolha, bem como a produção da safra presente devido às lesões nas inflorescências e nos frutos (Mesquita et al., 2016b).

Além das doenças acima mencionadas, caso haja a presença de outros tipos delas no cafezal, o produtor deve ficar atento pois na colheita essas poderão ser dispersadas para as demais plantas, acarretando em maior ocorrência de doenças nos cafezais. Atenção deve ser dada também à cercosporiose, mancha de ascochyta e manteigosa, fusariose e antracnose, sendo estas favorecidas por temperaturas amenas, umidade elevada e chuvas (Mesquita et al., 2016b). Caso essas doenças se manifestem, medidas de controle deverão ser realizadas.

Ainda, deve-se atentar para a necessidade da colheita dos frutos presentes no chão, já que os mesmos podem servir de substrato para a sobrevivência da broca do café na área, de uma safra para a outra (Mesquita et al., 2016b).

Medidas de controle

Uma medida de controle preventivo para minimizar a disseminação de fungos e bactérias é o uso de produtos à base de cobre e cloro, cuja eficiência é menor em ambientes mais úmidos e com temperaturas mais amenas, necessitando uma dose maior nestas condições. Este controle faz com que a qualidade do grão não seja comprometida devido a presença de doenças (Mesquita et al., 2016b).

Nas regiões em que as condições climáticas deverão ser mais favoráveis para as doenças, o controle químico é recomendável, empregando-se produtos à base de cobre, triazóis, estrobilurinas, ditocarbamatos, anilidas, dicarboximidas, entre outros (Mesquita et al., 2016b).

Além disso, a ocorrência de ventos também é um fator que afeta o desenvolvimento da doença, sendo que em locais de ventos fortes, recomenda-se a instalação de quebra-ventos (Mesquita et al., 2016b).

Por fim, a adubação deve ser equilibrada pois uma planta bem nutrida tem uma maior resiliência ao ataque de pragas e doenças, mesmo sob condições climáticas favoráveis à infestação(Mesquita et al., 2016b).

Fonte Texto:

MESQUITA, Carlos Magno de et al. Manual do café: colheita e preparo (Coffea arábica L.). Belo Horizonte: EMATER-MG. 52 p. il. 2016a.

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MESQUITA, Carlos Magno de et al. Manual do café: distúrbios fisiológicos, pragas e doenças do cafeeiro (Coffea arábica L.). Belo Horizonte: EMATER-MG. 62 p. il. 2016b.

Fonte Imagem:

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