Agricultura
Qual é a influência das chuvas na qualidade de fibras do algodão? | BASF
Confira como as chuvas podem influenciar nos componentes de produção da cultura do algodão, especialmente aquelas relacionadas a qualidade de fibras
Juliana Chagas - ESALQ-USP
A escassez ou excesso de chuvas interfere diretamente na quantidade de água armazenada no solo, especialmente, em áreas agrícolas onde predominam os cultivos de sequeiro. Além disso, a variação no volume de chuvas pode levar ao estresse hídrico nas plantas por déficit (escassez) ou o excesso de água no solo e condicionar alterações nos processos fisiológicos e, consequentemente, na diminuição do rendimento da cultura do algodão.
O excesso de chuvas torna a atmosfera mais úmida. Esta condição durante a frutificação pode favorecer o microclima para a ocorrência de doenças e, consequentemente, podridão dos frutos diminuindo a produtividade (Figura 1). Quando os frutos estão abertos (capulhos), o excesso de chuvas deteriora a fibra tornando-as cinza e mais susceptível a ruptura durante o processo de beneficiamento do algodão. Essa coloração causada por fungos que atacam a superfície do algodão, deprecia o produto torna-os impróprios para a comercialização.
Devido a grande importância do efeito da chuva sobre a qualidade da fibra e a produtividade de algodão, um estudo foi desenvolvido pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP), em 2015, neste sentido para o estado de Mato Grosso. Neste estudo, o efeito da chuva na cultura do algodoeiro foi avaliado em duas abordagens: 1) chuva acumulada; e 2) frequência relativa de dias com chuva superior a 1 mm; sobre os seguintes componentes de produção: produtividade do algodão em caroço, rendimento de fibras, índice de micronaire, comprimento, resistência e maturação de fibras. Todos os componentes de produção, exceto a produtividade, estão diretamente relacionados a qualidade da fibras do algodão.
1) Chuva acumulada
Considerando todo o ciclo do algodoeiro, a chuva acumulada apresentou correlação linear positiva com o índice de micronaire e a maturação de fibras, correlação linear negativa com o comprimento de fibras e correlação quadrática positiva com a produtividade do algodão em caroço, neste último caso, para se obter a produtividade máxima, a chuva acumulada deveria ser de, aproximadamente, 1334,25 mm durante o ciclo da cultura.
Maiores volumes de chuva acumulados tiveram maior influência sobre a fase fenológica que vai desde a primeira flor ao primeiro capulho mais 21 dias, sendo uma interferência positiva para produtividade do algodão em caroço, rendimento de fibras, índice de micronaire e maturação de fibras, e uma interferência negativa para resistência de fibras.
2) Frequência relativa de dias com chuva superior a 1 mm
A frequência relativa de chuva durante o ciclo do algodoeiro apresentou correlação linear positiva com o índice de micronaire e a maturação de fibras, e correlação quadrática positiva com a produtividade do algodão em caroço, onde para se obter a produtividade máxima, a frequência relativa de dias com chuva superior a 1 mm deveria ser de, aproximadamente, 57% durante o ciclo da cultura.
As maiores frequências relativas de chuva tiveram maior influência sobre a fase fenológica que vai desde a primeira flor ao primeiro capulho mais 21 dias, sendo uma interferência positiva para produtividade do algodão em caroço, índice de micronaire e maturação das fibras.
Dessa forma produtor fique atento aos volumes de chuva durante o ciclo de cultivo do algodoeiro. No caso das fibras, após a abertura dos frutos até a colheita seria desejável que não chovesse ou chovesse pouco para preservar a qualidade das fibras, pois estas ao ser atingidas por chuvas tendem a perder a reflectância e o brilho, e assim o produto é depreciado, perdendo valor agregado.
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