Agricultura
Danos do bicudo do algodoeiro na cultura e manejo integrado da praga | BASF
O bicudo do algodoeiro é a principal praga da cultura, apresentando alto poder destrutivo. Mas, quais medidas devem ser tomadas para o manejo? Saiba mais.
Fernando Filho - ESALQ-USP
Conhecido entre os cotonicultores, o bicudo do algodoeiro, é a principal praga da cultura do algodão, estando presente na área durante a maior parte do ciclo do cultivo, apresentando alto potencial biótico e poder destrutivo. Mas quais medidas devem ser tomadas em seu manejo?
O bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis), é um besouro pertencente à família Curculionidae, conhecida por conter grande número de espécies de brocas e gorgulhos, pragas de diversas culturas. Esse inseto causa danos nos botões florais e maçãs do algodoeiro, sendo considerado uma praga tardia, podendo estar presente na lavoura no início da formação dos botões florais (começo do período reprodutivo da cultura) até a colheita.
O ciclo de vida do bicudo gira em torno de 25 a 28 dias, podendo completar até 7 gerações durante o ciclo do algodoeiro, dependendo das condições climáticas. Após a colheita, a praga migra para outras áreas de algodão ou entra em diapausa. Por se tratar de uma praga bastante específica que não coloniza outras culturas além do algodoeiro, é um dos raros casos em que o vazio sanitário se mostra como uma ferramenta bastante eficaz. Assim se quebra o ciclo da praga pela indisponibilidade do hospedeiro para se reproduzir ou alimentar, reduzindo por consequência sua população na área, devendo-se realizar a remoção dos restos culturais logo após a colheita. Neste mesmo sentido, vale ressaltar a importância da uniformização do plantio, evitando ao máximo o plantio escalonado, prevenindo que o bicudo migre de uma área para a seguinte em busca do hospedeiro.
O ataque se dá inicialmente nos primeiros botões florais, para alimentação ou postura. Neste último caso, há o desenvolvimento da praga no interior da estrutura, sendo que as flores atacadas apresentam o aspecto característico de “flor em balão”, devido a abertura anormal das pétalas. Quando o ataque se da nas maçãs, no momento da abertura das mesmas, pode ocorrer o fenômeno conhecido como “carimã”, em função de uma abertura anormal. Tanto os danos decorrentes da alimentação, quanto da postura podem provocar ainda a queda dos botões florais e das maçãs, causando grandes perdas de produção. Botões e maçãs caídos devem ainda ser recolhidos, pois mesmo no chão podem servir de alimento e abrigo para a praga.
O monitoramento do bicudo do algodoeiro deve ter início no momento de implantação da cultura e deve ser intensificado por volta de 50 dias após quando ocorre o surgimento dos primeiros adultos. O monitoramento pode ser realizado por meio das armadilhas de captura para bicudo contendo o feromônio sexual Grandlure, específico para a praga. O monitoramento das armadilhas deve ser realizado 2 vezes por semana, sendo o nível de controle atingido com 1 adulto/armadilha/semana. Embora já exista cultivares de algodão transgênico, que fazem uso da proteína Bt, o bicudo não faz parte das pragas alvo da tecnologia, devendo-se, portanto, empregar outras medidas de controle.
As pulverizações para controle do bicudo na cultura de algodão devem iniciar após o aparecimento dos botões florais, sendo atingido o nível de controle, e devem ser realizadas em área total. Até os 80 dias da cultura, recomenda-se utilizar produtos seletivos, buscando preservar os inimigos naturais. Após este período, com a cultura mais suscetível ao ataque de pragas devido à formação das maçãs, que darão origem às fibras de algodão, outros produtos poderão ser aplicados.
Conhecer o inimigo torna mais fácil o trabalho de combatê-lo. Agora que você já sabe qual caminho seguir, que tal controlar mais este vilão?
Fonte Imagem:
Inana Schutze