Agricultura

Como o cultivo do algodão se mudou para o Cerrado brasileiro e a Bahia

O Brasil está entre os cinco maiores produtores mundiais de algodão, é o primeiro em produtividade em sequeiro e também um dos principais exportadores globais da fibra. A perspectiva é de que essa importância cresça ainda mais, devido aos avanços tecnológicos empregados nas lavouras e na indústria, aos ganhos em produtividade e à organização de toda a cadeia. E a um reposicionamento geográfico da atividade, que foi ganhando espaço no Cerrado brasileiro e no oeste da Bahia.

Essa mudança começou com uma crise. Nos anos 1980, a cotonicultura nacional quase foi dizimada pelos ataques do bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis). A praga infestou e arrasou culturas inteiras na Região Nordeste, deixando os produtores sem fôlego financeiro e com dificuldade para conseguir novas operações de crédito. 

Como informa o artigo de João Carlos Jacobsen Rodrigues no livro Algodão no cerrado do Brasil, publicação da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), na década seguinte o setor enfrentou outra crise com a redução das alíquotas de importação e uma inesperada concorrência com a fibra estrangeira. A área ocupada pela cultura passou de 4,13 milhões de hectares em 1980/81 para 657,5 mil hectares em 1996/97, uma redução de 80% em pouco mais de 15 anos. 

Diante daquele cenário, muitos produtores, em especial de São Paulo e Paraná, rumaram para o Centro-Oeste, sobretudo em direção a Mato Grosso, hoje o maior produtor de algodão. Características como clima, topografia e solo atraíram os novos empreendedores, que logo foram também favorecidos pelas pesquisas da Embrapa, inclusive com sementes que combinavam produtividade e qualidade de fibra. 

Essa movimentação deu origem à Associação Mato-grossense de Produtores de Algodão (Ampa), em 1997. Dois anos depois foi criada a Abrapa, dando início a uma maior organização do setor, tanto do ponto de vista de produção quanto institucional. Foi nessa toada que o algodão ganhou força no oeste da Bahia, levando o estado à segunda posição entre os maiores produtores nacionais. 

Após alguns ciclos de altos e baixos da cultura em terras baianas, foi na região de cerrado que o algodão se acomodou. As áreas planas, com pouco declive, e o clima mais bem definido, com estação de seca entre maio e setembro e outra chuvosa de outubro a abril, além de outros fatores, atraíram os produtores. O próprio Jacobsen foi um dos pioneiros na região, com o plantio de 50 hectares de algodão em 1995, de acordo com a Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa). Na safra 1997/98, o oeste baiano já contava com 8 mil hectares cultivados com algodão.

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